Título: Brasil cai do 23º para o 24º lugar no ranking dos exportadores
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2007, Economia, p. B9

O Brasil caiu no ranking mundial dos maiores exportadores elaborado pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo o relatório anual da entidade, as exportações nacionais não repetiram em 2006 o ritmo de crescimento de 2005, ainda que o governo não se canse de promover os resultados da balança comercial.

A participação do Brasil entre os importadores ficou estagnada no comércio internacional. A classificação da OMC é liderada pela Alemanha, seguida pelos Estados Unidos e pela China. Há duas semanas, o Estado antecipou os dados do relatório que mostra que, em comparação com outros países, as vendas nacionais não avançam e representam apenas 1,1% do mercado mundial, mesma proporção do ano passado.

O Brasil passa a ocupar a 24ª posição no ranking dos maiores exportadores. Em 2005, era o 23º colocado. Especialistas em Genebra apontam que o real valorizado teria contribuído para que as exportações não mais acompanhassem o ritmo de 2004 e 2005. Já outros analistas acreditam que o fortalecimento da demanda doméstica tenha tido impacto na decisão de empresas de focar suas vendas também no mercado interno.

Seja qual for o motivo, a queda no ranking vem em um momento em que o governo destaca que o valor das exportações em 2006 bateu o recorde do País, com US$ 137,4 milhões. Mas isso não foi não foi suficiente para que o Brasil subisse no ranking da OMC. No total, o aumento das vendas foi de 16%, apenas um ponto porcentual acima da média mundial de 15%. A taxa de crescimento foi inferior ao aumento de 23% de 2005 e 32% de 2004.

EMPOLGAÇÃO

O governo chegou a ficar tão empolgado com os resultados que anunciou a possibilidade de fechar 2006 em nova posição na classificação da OMC. Segundo o governo, o Brasil poderia desbancar suíços, austríacos e suecos e atingir a 20ª posição.

O relatório, porém, mostra que não basta apenas bater recordes internos, enquanto os demais países também continuam crescendo. Em termos de volume, a América do Sul teve um dos piores desempenhos. O aumento das vendas foi de apenas 2%, ante 22% da China, 10,5% dos Estados Unidos, 7,5% da Europa e uma média mundial de 8%. O Brasil apresentou um aumento no volume exportado de apenas 4%. Entre as regiões, apenas a África teve um índice menor, com 1%.

'As expansões (de exportação) na América do Sul e Central desaceleraram em 2006', afirma o relatório. Além do baixo crescimento do Brasil, a Venezuela também apresentou queda nas exportações em volumes. Em valores, porém, Caracas contou com a alta do petróleo para conseguir um aumento de 14% nas suas vendas ao exterior.

Em valores, a América do Sul apresentou uma alta de exportações acima do Brasil, com 20%. Já o Mercosul teve um aumento de 16% em suas vendas em 2006. Os líderes da região foram o Chile e Peru, com taxas acima de 40%.

PESO REDUZIDO

Ainda em valores, os dados da OMC mostram que outros emergentes também estão tendo melhor desempenho que o Brasil, que apresentou o menor crescimento de exportações entre os Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China). A Índia teve crescimento de 21% em 2006.

Russos e mexicanos, beneficiados pela alta do petróleo, aumentaram as vendas em 25% e 17%, respectivamente. Já a China teve um crescimento de 27% em valores.

Entre os países próximos ao Brasil na ranking, a Áustria ficou na 23ª colocação, com crescimento de 11% de suas exportações, e atingiu US$ 138 bilhões em vendas. Os Emirados Árabes, que estavam na 24ª posição no ano passado, passaram para a 22ª colocação, deslocando o Brasil com as suas exportações de petróleo e o aumento geral de suas vendas de 20%.

O que o relatório ainda enfatiza é que o peso do País no comércio mundial tem mudado pouco nos últimos anos. No começo da década, o Brasil representava 0,9% das exportações mundiais. Em 2005, passou a representar 1,1%. Ainda assim, o porcentual é insignificante diante do tamanho da economia brasileira. O peso do Brasil no comércio mundial ainda é menor do que nos anos 80.

Para 2007, a possibilidade de subir no ranking da OMC e conquistar maior espaço no comércio pode ser mais difícil. A OMC estima que já há sinais de enfraquecimento do comércio mundial para o próximo ano. O principal deles é a queda na demanda doméstica americana desde o final de 2006. Essa tendência deve ser mantida para 2007, com uma queda das importações do país que mais compra no mundo.

Já o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior anunciou a meta de exportar US$ 152 bilhões este ano, um aumento de 10,5% em relação ao ano passado e inferior ao que foi atingido em 2004, 2005 e 2006.

IMPORTAÇÕES

As importações do País também cresceram em ritmo menor em 2006 e chegaram a US$ 88 bilhões. A taxa foi de 14%, ante 17% de aumento em 2005 e 31% em 2004. O aumento ficou abaixo da média da região, com 18% e no mesmo nível da média mundial de 14%.

Com isso, o Brasil ocupou apenas a 29ª colocação no ranking dos maiores importadores e vem perdendo posições nos últimos dois anos. O Brasil representa, segundo a OMC, apenas 0,7% das importações mundiais.

No setor de serviços, o mesmo padrão de queda de rendimento foi registrado. Com exportações de US$ 18 bilhões em 2006, o Brasil teve um aumento de 21%, ante 28% em 2005. Mas ainda assim está bem acima de média mundial de 11%, embora o Brasil não apareça entre os 30 maiores exportadores de serviços. Entre os importadores, o País está na 27% colocação, com 1% do comércio e compras de US$ 27 bilhões, um aumento de 20% em relação a 2005.