Título: Em Teodoro Sampaio, muda de eucalipto está em falta
Autor: Arruda, Roldão e Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2007, Nacional, p. A6

No viveiro de José Dionísio de Souza, de 60 anos, no Assentamento Laudenor Souza, em Teodoro Sampaio, interior de São Paulo, a muda pronta de eucalipto está em falta. No momento o viveiro dispõe apenas de mudinhas novas, em fase de crescimento. ¿Vendemos 20 mil no mês passado e tudo o que temos aqui está encomendado¿, conta Souza.

Ele, a mulher Maria do Carmo Faria, de 47 anos, e a filha Josiane, de 21, se revezam nos cuidados com as plantinhas - vendidas a R$ 0,25 a unidade. Ele não consegue atender às encomendas dos assentados. ¿Vamos ter de aumentar a capacidade de produção¿, diz o produtor, que é integrante do MST - organização que aponta o eucalipto como uma das causas do desemprego no campo.

O viveiro foi montado com o apoio de uma organização não-governamental (ONG), mas ninguém esperava uma procura tão grande. ¿O Itesp permite o plantio de até 1.700 plantas por lote, mas deve ter gente plantando mais¿, diz Souza.

Para preparar as mudas, ele próprio colhe as sementes em plantas matrizes. ¿Eucalipto é uma árvore boa e cresce rápido¿, observa.

A corrida pelas mudas, segundo ele, se deve ao bom preço pago pelos grandes compradores da madeira, entre eles fabricantes de papel e celulose. Na semana passada, o metro cúbico de eucalipto estava cotado a R$ 30 na região. De acordo com o viveirista, 70% dos lotes do assentamento já possuem áreas com eucaliptal.

FUTURO

O assentado Paulo Ferreira Lima, de 37 anos, plantou 2,4 hectares - cerca de 3,5 mil árvores - no lote de 20 hectares no Assentamento XV de Novembro. O investimento, segundo ele, é para o futuro, pois o primeiro corte só será feito daqui a cinco anos. No momento, ele tira o sustento da cana-de-açúcar, cultivada em 5,42 hectares, numa parceria com a Destilaria Alcídia - a maior da região do Pontal do Paranapanema.

¿A cana rendeu R$ 8 mil livres no ano passado¿, comemora ele. A previsão para este ano é chegar a uma renda líquida de R$ 11 mil.

Indagada sobre o plantio de eucalipto nos lotes da reforma agrária, a coordenação regional do MST informou que isso não contraria as orientações da organização. Sustentou que esse tipo de vegetal é destinado ao uso no próprio lote e só o excedente é comercializado.