Título: Seguranças privados não seguem regras nem são processados por abusos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2007, Internacional, p. A9

Na manhã de 8 de julho de 2006, quatro seguranças privados partiram da Zona Verde, a área mais fortificada de Bagdá, num blindado. O líder da equipe, Jacob Washbourne, parecia de bom humor, pois suas férias começavam no dia seguinte. ¿Quero matar alguém hoje¿, disse Washbourne, segundo os outros três seguranças. Antes de o dia terminar, os guardas se envolveram em três incidentes com tiros. Em um deles, Washbourne supostamente atirou contra o pára-brisa de um táxi só por diversão.

Essa história poderia nunca ter sido conhecida. Mas uma investigação do jornal Washington Post apresentou uma rara visão sobre o mundo dos agentes privados no Iraque. Os contratados enfrentam os mesmos perigos que os militares, mas vão para a guerra atrás de dinheiro e atuam à parte das leis que norteiam as forças militares.

As Forças Armadas dos EUA apresentaram acusações contra dezenas de soldados no Iraque - incluindo 64 militares envolvidos em assassinatos -, mas nenhum processo foi aberto contra seguranças privados. Há uma grande confusão entre as empresas de segurança e os militares sobre quais regras devem seguir. O Pentágono estima que há pelo menos 20 mil seguranças trabalhando no Iraque.

Os seguranças privados obtiveram imunidade no governo de Paul Bremer, chefe da Autoridade Provisória, criada durante a ocupação americana. Recentemente, o Exército e o Congresso buscaram estabelecer diretrizes para processar os contratados sob as leis americanas ou da Justiça militar, mas a questão ainda está longe de ser resolvida.