Título: Cálice maior para Bento XVI
Autor: Menocchi, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2007, Vida&, p. A12

O cálice e o cibório - objetos onde se coloca o vinho e as hóstias durante a celebração católica - que serão usados pelo papa Bento XVI na missa realizada no Campo de Marte, em São Paulo no dia 11 de maio, terão tamanho especial.

A cerimônia marcará a canonização de frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. Como são esperadas cerca de um milhão de pessoas e o local é muito grande, as peças tiveram que ser feitas em tamanho maior, o dobro do tradicional.

¿Se não ninguém iria enxergar¿, explica o dono da empresa paulista que confeccionou as peças, Luiz Carrara . O cálice e o cibório usados terão 40 centímetros de altura e cerca de 20 centímetros de diâmetro.

Os objetos são feitos de bronze com pátina em ouro mais escuro e detalhes desenhados em prata. ¿É totalmente artesanal, assim como todas as peças que fazemos aqui há 60 anos¿, conta. Cada peça custa aproximadamente R$ 3.500. Após a visita do papa ao Brasil elas serão doadas ao Museu de Arte Sacra do Mosteiro da Luz, onde trabalhou o santo brasileiro.

A empresa foi originalmente instalada em Curitiba (PR) no final da década de 1930 por padres franciscanos e depois transferida para São Paulo. A idéia era suprir a necessidade de se produzir no Brasil as peças usadas durante as missas, como cálices, cibórios, ostensórios e crucifixos. Em 1948 o atual proprietário era um aprendiz dos padres e acabou, após 20 anos, assumindo o comando da metalúrgica.

Além das peças usadas por Bento XVI, a empresa também está confeccionado 600 cálices que servirão as hóstias para o público na missa de canonização. Depois eles ficarão à venda para as igrejas interessadas.

A encomenda feita pela comissão da Arquidiocese de São Paulo que organiza a visita do papa ao País foi uma surpresa para Luiz Carrara. ¿Somos muito conhecidos no mercado, mas foi uma alegria saber que ele vai usar nossas peças¿. Para dar conta do pedido, os 23 funcionários da empresa levam serviço para casa. ¿Como são artesanais, as peças têm que ser trabalhadas até enquanto se descansa¿, afirma Carrara, que planeja assistir a missa no Campo de Marte junto com a família.

ANIVERSÁRIO DO PAPA

Bento XVI agradeceu a Deus ontem por seu papado e por sua vida em missa que deu início às comemorações por seu aniversário de 80 anos (completados hoje) e pelos 2 anos em que assumiu a chefia da Igreja. Ele assumiu em 19 de abril de 2005.

Milhares de peregrinos, incluindo habitantes da região natal do papa, a Bavária, e vários outros alemães, se uniram a cardeais, bispos e padres em uma cerimônia na Praça São Pedro, no Vaticano. ¿A todos digo do fundo do meu coração meu mais sincero `obrigado¿ e estendo (o agradecimento) a toda a Igreja que, como uma verdadeira família, me cerca com seu afeto, particularmente neste momento¿, disse Bento XVI.

Em seguida completou: ¿Agradeço a Deus por ter podido experimentar o que significa ter uma família¿, ao falar particularmente de sua irmã mais nova Maria e seu irmão mais velho Georg Ratzinger.

O papa lembrou ainda de seu antecessor, João Paulo II, que morreu em 2 de abril de 2005, aos 84 anos, após 26 anos de papado. ¿Ele viveu sob ditaduras¿, disse Bento XVI, referindo-se ao nazismo e ao comunismo, ¿e em seu contato direto com a pobreza, a necessidade e a violência, experimentou profundamente o poder da obscuridade, que assedia o mundo hoje¿.

Bento XVI aparenta estar carregando seus anos de idade muito bem. Logo após a eleição, seu irmão Georg chegou a expressar preocupação sobre o peso que a carga do papado poderia ter na saúde de Bento XVI. Mas ele caminha rapidamente e permanece de pé durante longas cerimônias públicas, demonstrando um vigor que supera a rigorosa agenda.

Entre os presentes de aniversário, o papa ganhou 80 garrafas de uma cerveja escura da Bavária especialmente fermentada para ele.

Nos dois primeiros anos como chefe máximo da Igreja Católica, Bento XVI se empenhou em campanhas contra casamento homossexual, aborto e eutanásia. Ele ainda adotou uma postura linha-dura em relação a membros do clero que se desviaram dos ensinamentos do Vaticano e defendeu o uso do latim em algumas celebrações especiais.