Título: Marinheiros capturados no Irã vendem história para mídia e causam polêmica
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2007, Internacional, p. A10

O ministro da Defesa da Grã-Bretanha, Des Browne, foi duramente criticado ontem por ter permitido que os 15 marinheiros capturados pelo Irã vendessem suas histórias para veículos de comunicação.

¿Normalmente, militares da ativa não podem fazer esse tipo de arranjo financeiro com empresas de comunicação, mas diante de circunstâncias especiais, como essa, a permissão foi concedida¿, afirmou o ministro. Alguns jornais britânicos já estariam dispostos a pagar cerca de US$ 500 mil pela história dos detidos. Vários políticos, diplomatas e parentes de vítimas da guerra no Iraque criticaram a decisão.

Apenas dois oficiais entre os marinheiros capturados disseram que não pretendem faturar com o caso. ¿Não estou interessado em ganhar dinheiro com essa história¿, disse o tenente Felix Carman, que acrescentou que, se alguém lhe oferecesse algum pagamento, doaria para a caridade.

Contudo, admitiu que essa é uma decisão pessoal. ¿Há algumas pessoas que podem se sentir tentadas a ganhar financeiramente, mas essa é uma decisão privada.¿

O capitão Chris Air também disse que não quer faturar em cima da captura, mas afirmou que seus companheiros têm liberdade para fazer o que quiserem. ¿Eu não vou falar com os jornais, mas acho que os outros têm esse direito¿, declarou.

Faye Turney, a única mulher entre os 15 marinheiros, vendeu sua aventura para um programa de TV por US$ 200 mil. Ontem, o jornal Sunday Times afirmou que os marinheiros decidiram rachar o dinheiro, dando 10% para instituições de caridade e embolsando o resto.

Um dos que não gostaram da idéia foi o ex-embaixador Craig Murray. ¿É muito estranha a idéia de fazer dinheiro com a própria captura. Isso vai de encontro a uma função natural do soldado que é a de não ser capturado¿, disse.

Mike Aston, pai de um soldado britânico morto no Iraque em 2003, disse que estava espantado com a notícia. ¿É difícil de acreditar. No dia em que eles foram libertados, quatro homens foram mortos no Iraque. Fico contente pela libertação, mas vender essa história é sórdido¿, afirmou.