Título: Em Mirandópolis, grupo rival ocupa propriedade e Contag leva caso à polícia
Autor: Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2007, Nacional, p. A10
O Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiu ontem de manhã a Fazenda São Lucas, em Mirandópolis, região de Araçatuba (SP). A mesma área havia sido ocupada na sexta-feira por cerca de 60 famílias da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). As ações colocam em risco uma parceria entre MST e CUT que resultou em 14 invasões em São Paulo em fevereiro.
A invasão das 150 famílias do MST foi considerada uma provocação pelos militantes da Contag, que estão há mais tempo acampados na região. Na sexta-feira, líderes da Contag foram à polícia registrar um boletim de ocorrência de 'preservação de direitos'. Eles alegam que seus sem-terra têm preferência sobre os do MST no recebimento dos lotes numa futura divisão da área para reforma agrária.
O MST, que esperava que os colegas da Contag fossem aderir a uma invasão programada para amanhã, dentro do 'abril vermelho', decidiu também ocupar a fazenda ontem, alegando que tem o mesmo direito de pleitear a posse da área.
'Estamos acampados aqui na região há quatro anos enquanto o MST está só há dois', diz Valdemar Morabito, líder dos sem-terra da Contag e presidente do Sindicato Rural de Mirandópolis. 'A Contag tem apenas três famílias nessa região', rebate Irineu Xavier de Oliveira, coordenador regional do MST. Segundo ele, a confederação arregimentou sem-terra em outros acampamentos para invadir a São Lucas. Oliveira admite que o MST fez o mesmo, mas alega que o movimento tem 80 famílias no acampamento da fazenda.
De acordo com Morabito, o clima entre os militantes das duas entidades está tenso e há possibilidade de ocorrer conflitos porque os grupos adversários estão acampados próximos um do outro dentro da fazenda.
A propriedade de 1.544 hectares foi declarada improdutiva em 2002 e R$ 9 milhões foram depositados em juízo para a desapropriação, mas seu proprietário, Edmundo Aguiar Ribeiro, recorreu à Justiça Federal. Ainda não houve julgamento.