Título: Especialista questiona avanço do programa
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2007, Internacional, p. A11
Para o especialista americano em proliferação de armas nucleares Gary Milhollin, é pouco provável que o Irã tenha 3 mil centrífugas em funcionamento, apesar de o presidente Mahmud Ahmadinejad ter anunciado que país já pode produzir combustível nuclear em escala industrial. ¿Eles certamente têm componentes suficientes para montar essas 3 mil centrífugas. No entanto, não está claro quando e se eles conseguirão colocá-las em ação¿, disse o especialista, por telefone, ao Estado.
Milhollin, diretor do Projeto de Controle de Armas Nucleares, da Universidade de Wisconsin, disse acreditar que se o programa nuclear do Irã continuar progredindo, em três ou quatro anos os iranianos terão a capacidade de construir uma bomba atômica.
¿O objetivo de Teerã é conseguir a capacidade de desenvolver seu programa nuclear, não importa se para isso o governo iraniano tenha de desafiar a comunidade internacional¿, disse Milhollin, que também atua como consultor do Departamento de Defesa dos EUA para assuntos de não-proliferação nuclear.
Questionado sobre como o Irã consegue levar adiante seu programa nuclear apesar das sanções, Milhollin disse que ¿a pressão internacional não impede as fábricas de operarem e com certeza os iranianos receberam ajuda de outros países¿. Ele cita o Paquistão como o principal fornecedor de tecnologia e material para a fabricação das centrífugas iranianas. Para o especialista, não adianta a ONU sancionar apenas algumas empresas ligadas aos programas nuclear e de mísseis do Irã, pois elas têm subsidiárias que também deveriam ter seus bens congelados no exterior e serem proibidas de negociar com empresas estrangeiras.
Segundo Milhollin, ¿o governo iraniano pode insistir que busca apenas produzir energia, mas a verdade é que o Irã nunca conseguirá provar que seu programa nuclear não tem fins militares. Mesmo porque as últimas ações de Teerã não apontam exatamente para esse sentido¿.