Título: Efeito China impediu maior reação à decisão do Copom
Autor: Lara, Patrícia
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2007, Economia, p. B1

Os temores de desaceleração da economia chinesa limitaram a reação positiva do mercado brasileiro à perspectiva de uma queda maior da taxa básica de juros neste ano. Embora o risco país tenha voltado a bater recorde de baixa, aos 150 pontos, e os juros futuros tenham despencado, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu apenas 0,11%. ¿Se não fosse a China, o desempenho da bolsa teria sido bem melhor¿, disse Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset.

A divisão do Comitê de Política Monetária (Copom) ao definir um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic, na reunião de quarta-feira, levou muitos analistas a reduzir, ontem mesmo, a projeção para a taxa no fim do ano. A Sul América Investimentos, por exemplo, alterou a previsão de 11,75% para 11,25% ao ano. A MB Associados informou que deve mudar nos próximos dias sua estimativa, de 11,25% para 10,75%. Juro menor significa crescimento econômico maior, o que, segundo Póvoa, ¿é bom para setores como consumo e varejo¿.

Para o diretor da Modal, a China não é um problema. ¿A China assustou hoje (ontem) porque ainda há o trauma da forte queda da Bolsa de Xangai no fim de fevereiro¿, disse. ¿Mas a questão, para mim, ainda são os Estados Unidos.¿

Póvoa acredita que os EUA estão numa situação delicada, pois enfrentam, ao mesmo tempo, inflação mais alta do que o desejado e atividade econômicia em desaceleração. ¿Isso mostra que em algum momento, lá atrás, houve erro na condução da política monetária.¿ Apesar disso, ele não está pessimista. Acredita que a inflação convergirá para um nível inferior.

Segundo analistas, o risco Brasil manteve ontem a tendência de queda por causa das boas condições macroeconômicas e da expectativa de uma melhora do rating (nota) pelas agências de classificação de risco.

¿O aumento do PIB após a revisão do IBGE e a manutenção, pelo governo Lula, das políticas voltadas à estabilidade mudaram a percepção de risco do Brasil¿, afirmou Tomás Málaga, economista-chefe do Banco Itaú. Para ele, o mercado continua antecipando a elevação do País à categoria de investment grade, na qual só estão inseridos devedores com baixa probabilidade de dar calote.

Nessa conjuntura, dizem os especialistas, a tendência para os mercados continua positiva. ¿Não se espera nenhuma explosão, mas a bolsa deve continuar subindo e o dólar e o risco, caindo¿, afirmou Póvoa. Ontem, a moeda americana caiu 0,20%, para R$ 2,029.