Título: Para ministro, divisão entre diretores do BC é 'salutar'
Autor: Fernandes, Adriana e Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2007, Economia, p. B4

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, gostou da decisão de anteontem do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a taxa básica de juro em 0,25 ponto porcentual e considerou ¿salutar¿ a divisão no colegiado, interpretada pelo mercado como sinal de que os cortes na Selic serão acelerados para 0,50 ponto na próxima reunião.

¿Fiquei feliz que caiu 0,25. O Brasil está indo na direção certa. O crescimento prova que a política monetária está adequada¿, disse o ministro, destacando que não estranhou a divisão no Copom. ¿Não fiquei surpreso, porque é natural que haja às vezes pontos de vista divergentes. Não é a primeira vez. É salutar. No Fed (Federal Reserve, o BC americano), é a mesma coisa¿. Na reunião de quarta-feira do Copom, três dos sete diretores do BC votaram a favor de uma redução de 0,50 ponto porcentual na Selic.

Segundo o ministro, as projeções de inflação mais baixas do que a meta abrem espaço para novos cortes nos juros. ¿De quanto, não sei nem quero saber. Não vou me pronunciar.¿

Ao contrário de Mantega, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), reforçou suas tradicionais críticas ao Banco Central e afirmou que não há ¿um argumento substantivo¿ que justifique a decisão de cortar os juros em 0,25 ponto porcentual.

Diante da decisão dividida do Copom, Mercadante disse que vai retomar uma idéia antiga no Congresso: apresentar um projeto para que os votos dos membros do Copom sejam publicados. ¿Voto secreto no Parlamento não é bom e é pior ainda no BC. Pessoas públicas precisam responder por seus atos.¿

Para ele, a condução da política monetária, que por mais de um ano mantém a inflação próxima ao limite inferior da meta de 4,5%, revela que o BC estaria indevidamente atuando além da autonomia operacional concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ¿O BC não pode estabelecer uma política desrespeitando a definição do governo. No Estado democrático, todos entes públicos têm de prestar contas e a CAE tem instrumentos para cobrar isso¿, disse o senador petista.