Título: São Paulo olha o risco. Rio prioriza retorno
Autor: Fernandes, Adriana e Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2007, Economia, p. B4

Quando o assunto é investimento, as cariocas se preocupam menos com risco e mais com retorno de curto prazo do que as paulistanas. Ambas, no entanto, ainda preferem a poupança na hora de aplicar o próprio dinheiro. As conclusões são de uma pesquisa da consultoria Quórum Brasil feita com mulheres das classes A e B nas capitais do Rio de Janeiro e São Paulo e divulgada ontem.

Apesar de a caderneta de poupança ser a opção mais popular entre a ala feminina, o porcentual é diferente entre cariocas e paulistanas. Segundo o estudo, 63% das mulheres de São Paulo dizem que investem em poupança, contra 51% das cariocas. Segundo o economista da Quórum Brasil Cláudio Soares, o comportamento mais ousado das investidoras do Rio também aparece na preferência por fundos de investimento: 45% consideram a opção interessante. Apenas 31% das paulistanas dizem que esse tipo de investimento é atraente.

Soares não tem uma explicação para a diferença no comportamento das investidoras. Mas acredita que o modo de vida das cidades influencia a escolha do tipo de investimento. ¿Cariocas têm vida mais agitada e querem resultados mais imediatos.¿

O risco é um aspecto que preocupa mais paulistanas do que cariocas. Em São Paulo, esse fator está em segundo lugar na lista de preocupações das mulheres que aplicam, com 27%. Depois, vem a rentabilidade (19%). No Rio, 26% das investidoras levam em consideração a rentabilidade ao decidir a aplicação e só 19% analisam o risco. E elas aplicam mais em investimentos de curto prazo (36%) do que as paulistanas (22%).

Para o diretor da área de investimentos do Bradesco, Marcos Villanova, os dados refletem um comportamento diferente do carioca em geral. Segundo ele, um dos motivos que explicariam o maior apetite por risco dos cariocas é a presença de muitas corretoras financeiras no Rio, nos anos 90. ¿Acredito que possa ser um resquício dessa presença.¿ Ele observa, porém, que os investidores brasileiros ainda são conservadores. ¿É uma questão cultural.¿