Título: US$ 60 bi em exportações agrícolas em 2012
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2007, Negócios, p. B22

A exportação brasileira de bens agrícolas vai crescer nos próximos anos e atingir US$ 60 bilhões em 2012, de acordo com uma projeção feita pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone). Hoje, o agronegócio exporta US$ 36 bilhões por ano.

O trabalho, no qual estão compilados dados de várias fontes brasileiras e internacionais, foi apresentado ontem pelo presidente do Icone, Marcos Jank, no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo. Foi chamado de ¿A dinâmica do agronegócio mundial do século XXI¿. O estudo faz uma extensa avaliação sobre o rumo da atividade rural no mundo. Identifica o êxodo maciço de gente do campo para áreas urbanas, mostra o comportamento do consumo de alimentos no mundo e identifica os efeitos da tecnologia na produção de alimentos em áreas cada vez menores.

A conclusão é a mesma: o Brasil permanece ainda como o grande celeiro do mundo. Fatores climáticos que têm mudado a face do planeta, como o aquecimento global, mostram, segundo o estudo, que o território brasileiro conservará condições da produção de alimentos em larga escala. Água e disponibilidade de terra para a agricultura são itens apontados no estudo como preponderantes para creditar ao Brasil benefícios gerados por uma agricultura ainda mais exportadora.

COMPRADORES

O movimento observado em 2004, quando o Brasil passou a vender mais para os países em desenvolvimento, deve se acentuar nos próximos anos. Dos US$ 60 bilhões previstos em vendas externas, US$ 35 bilhões serão para as nações em estágio de desenvolvimento. A expansão das vendas para os países riscos também está prevista, mas em ritmo mais lento. ¿É evidente que o cumprimento desta projeção depende de alguns fatores, como o desempenho da economia mundial e da taxa de câmbio no Brasil¿, explica Jank.

O estudo sobre o desempenho do agronegócio exportador brasileiro nos próximos anos, no entanto, não considera os benefícios que a Rodada Doha poderia gerar. Segundo Jank, a redução de subsídios e a queda de tarifas no comércio agrícola mundial elevariam a participação brasileira. Dentro do trabalho apresentado ontem, o Icone faz uma projeção ¿realista¿, segundo o próprio instituto, sobre o resultado final da Rodada Doha.

No item ¿acesso a mercado¿, a avaliação é a de que o Brasil poderá obter um corte entre 20% e 40% nas tarifas dos itens mais importantes nos países desenvolvidos. Além disso, as nações ricas poderão elevar entre 5% e 10% as cotas de importação de produtos brasileiros e adotar medidas para corte de subsídios às exportações. ¿Não creio que devam aceitar cortes dos subsídios internos¿, diz.

No cenário ¿realista¿ para a Rodada, a tendência é que os países ricos comprem mais dos países pobres, a distorção do comércio mundial diminua, mas avanços mais substanciais dependerão ainda do lançamento de uma nova rodada de negociação multilateral, após a conclusão de Doha. A conclusão da atual rodada, se não sair este ano, só sai a partir de 2009.

Mesmo diante deste avanços pontuais, a tendência é de expansão do comércio mundial agrícola. O Brasil conserva oportunidades, mas ainda precisa melhorar as condições de infra-estrutura e de defesa sanitária. São, diz o estudo, os fatores que podem barrar o Brasil neste cenário considerado, apesar de tudo, promissor.