Título: Grandes redes ficam fora da festa do consumo
Autor: De Chiara, Márcia
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2007, Economia, p. B4
Grandes redes de móveis e eletrodomésticos ficaram de fora da festa das empresas regionais, de menor porte, que tiveram crescimento expressivo de vendas no Nordeste.
As Casas Bahia, a maior rede eletrodomésticos e móveis, por exemplo, encerrou 2006 repetindo as vendas de R$ 11,5 bilhões do ano anterior. Um dos motivos do empate foi o pífio desempenho do Sul, onde teve de fechar lojas, por causa da crise do agronegócio e do câmbio.
Apesar de ter o nome de um importante Estado nordestino, a rede não pretende tão cedo chegar à região, conforme já disse inúmeras vezes o diretor financeiro, Michael Klein.
Também as Lojas Cem, que estão entre as cinco maiores do País, mas com atuação no Centro-Sul, tiveram em 2006 desempenho modesto comparado ao obtido pelas redes regionais. O acréscimo nas vendas foi de 10% em 2006 ante 2005.
Já as Lojas Maia, vice-líder do setor na região, atrás só da rede Insinuante, ampliaram no ano passado em 14% o volume de negócios na comparação com 2005. Com sede em João Pessoa (PB) e 105 lojas espalhadas entre Bahia e Ceará, a rede chegou a ampliar em 32% as vendas de televisores em 2006, conta o presidente, Arnaldo Maia.
'Os negócios melhoraram nos últimos três anos', diz Maia. Ele atribui esse bom desempenho aos programas sociais direcionados para a região, que elevaram a renda familiar e, por tabela, as compras.
Maia conta que, como a empresa concede o crédito com base na renda da família, muitos consumidores apresentam os comprovantes de benefícios sociais recebidos para obter os financiamentos. O foco da varejista é a população com renda familiar de três salários mínimos (R$ 1.140).
Animado com o desempenho, Maia conta que pretende repetir a dose neste ano: vai abrir 30 lojas em cidades nordestinas com população acima de 50 mil habitantes.
INFILTRADA
A rede Ricardo Eletro, de Minas Gerais, é outra que está animada com o desempenho do Nordeste. Com 49 lojas entre Bahia e Sergipe, a empresa acaba de comprar uma rede com 28 pontos-de-venda em Pernambuco, conta o vice-presidente, Rodrigo Nunes.
Os planos para este ano incluem a estréia em Pernambuco e, a partir do segundo semestre, a entrada em Alagoas e no Rio Grande do Norte. 'Em 2008 iremos para Fortaleza (CE).'
Faz dois anos que a rede fincou bandeira em solo nordestino, motivada pelo baixo crescimento do mercado em Minas Gerais e no Espírito Santo, onde já está com 70 e 22 lojas, respectivamente. Nunes conta que o aumento dos negócios no Nordeste é visível. Enquanto as vendas em Minas e no Espírito Santo cresceram entre 38% e 40% no ano passado sobre o anterior, no Nordeste o acréscimo foi de 45% no mesmo período. 'Não me arrependo de ter ido para o Nordeste.'