Título: Orçamento não inclui combate à aftosa
Autor: Porto, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2007, Economia, p. B9
Apesar de ter um novo ministro na Agricultura, Reinhold Stephanes, e de renovar as promessas de apoio à exportação do agronegócio, o orçamento do governo federal para a defesa sanitária está dando como superada a crise da aftosa que estourou em dezembro de 2005.
Stephanes elegeu como prioridade a defesa sanitária animal, com destaque para a febre aftosa. Ele quer a maior participação dos Estados e admite até usar o Exército em ações de fiscalização nas fronteiras com países considerados críticos, como Bolívia e Paraguai.
Só que não há dinheiro para atender as propostas, como o próprio governo admite, mesmo sendo o Brasil o maior exportador de carne bovina e de ter faturado, entre janeiro e fevereiro de 2007, US$ 690 milhões (R$ 1,4 bilhão), 52,8% mais que em igual período de 2006.
O orçamento continua minguado, apesar de a União Européia (UE) manter o embargo à carne de algumas regiões brasileiras, como o Paraná, onde, na quinta-feira, o frigorífico Garantia, um dos maiores da região, demitiu 800 empregados. O Garantia, que já havia demitido 600 trabalhadores no início da crise, justifica as dispensas com o fato de que a unidade do Paraná é especializada em cortes para exportação.
O orçamento de 2007, aprovado para o setor de defesa sanitária do Ministério da Agricultura, que reúne as defesas animal e vegetal, foi de R$ 265 milhões. Cortada na aprovação final, a dotação ainda sofreu contingenciamento de 20% em março. Hoje, o valor é de R$ 127 milhões, 6% menor que os R$ 135 milhões executados em 2006.
O ministro Stephanes garantiu, durante a semana, que técnicos da Pasta preparam um estudo para dimensionar a estrutura para combate à febre aftosa, além de adequar o orçamento às necessidades da defesa sanitária no Brasil. 'Entre 60 e 90 dias, teremos esse levantamento pronto', disse o ministro.
Stephanes admite que a defesa agropecuária é 'um ponto sensível'. Porém, a promessa de que não faltará dinheiro para ações de defesa animal, feita na reunião com secretários de Agricultura de 16 Estados e do Distrito Federal, divide opiniões.
'Acredito que ele (Stephanes) vai arrumar dinheiro', disse o pecuarista Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Já o secretário da Agricultura de São Paulo, João Sampaio, é mais cético. 'Os produtores e os secretários de agricultura já confiaram nas promessas de outros ministros e a única coisa que foi feita até agora foram os cortes no orçamento.'