Título: Brasileiros relatam momentos de pânico em câmpus da Virginia Tech
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/04/2007, Internacional, p. A10

A estudante brasileira de psicologia Ana Carolina Fontes, de 22 anos, só percebeu que havia algo de errado na universidade Virginia Tech quando viu dois policiais armados se dirigindo para frente do edifício da faculdade de engenharia. ¿Depois da aula, estava distraída, indo pegar o ônibus na frente do prédio. Foi aí que vi dois policiais armados¿, relatou por telefone, ao Estado. Até o final da noite não havia informações sobre vítimas brasileiras.

Segundo Ana, os policiais começaram a atirar contra o prédio para abrir as portas que estavam trancadas por dentro. ¿Depois que eles abriram as portas, os estudantes saíram de mãos para cima¿, contou.

Como não havia ônibus no local, Ana ficou observando a movimentação policial num gramado. ¿Depois a polícia pediu que ficássemos dentro de prédios. Entrei em uma lanchonete, onde esperei quase três horas para sair.¿

Já o brasileiro Jesse Nelson, de 21 anos, ainda estava no dormitório internacional, próximo de onde ocorreu o primeiro ataque, quando soube do que estava ocorrendo e foi orientado a não deixar o local. Jesse, estudante de engenharia civil, contou por telefone que um colega de dormitório estava em uma das salas de aula atacadas. O amigo, que ele não quis identificar, contou que o professor-assistente foi ver o que estava acontecendo e voltou correndo dizendo aos estudantes que colocassem cadeiras para bloquear a porta. Então, o atacante fez vários disparos contra a porta, recarregou a arma e deu mais tiros.

¿Por volta das 9 horas, eu e minha namorada estávamos saindo da aula quando vimos dezenas de policiais, fortemente armados, correndo. Um amigo passou e nos aconselhou a correr na direção oposta. `Acabei de ver alguns alunos pulando pela janela¿, disse ele. Então, mesmo sem saber direito o que estava acontecendo, corremos na direção oposta¿, disse ao Estado o carioca Mario Leonel, estudante de Economia. ¿O que mais me deixou surpreso é que Blacksburg é uma cidade muito tranqüila. Eu até deixo meu carro aberto!¿

A gaúcha Isabel de Fonseca, que faz pós-doutorado no Instituto de Bioinformática, também se disse surpresa com o ataque numa cidade tão pacata. Ela estava na sala de aula quando recebeu um e-mail orientando para que todos ficassem trancados e longe das janelas. Foram várias horas de angústia até que todos foram liberados.