Título: No rádio, presidente reforça aceno por diálogo com oposição
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2007, Nacional, p. A4
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou ontem seu programa semanal de rádio para reforçar os acenos em busca de diálogo com a oposição. ¿O presidente da República tem de ser uma espécie de magistrado, não pode ficar apenas governando com os seus¿, afirmou, no Café com o Presidente.
Lula disse, no programa, que as conversas com a oposição mostram que o Brasil vive uma ¿nova fase¿. E citou encontros com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA). ¿Quando converso com o Tasso e com o senador Antonio Carlos Magalhães, converso sabendo que eles são oposição, que podem ter candidato em 2010¿, afirmou. ¿Vamos conversar com mais gente¿, avisou, sem definir a data de um possível e aguardado encontro com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A tática está dando resultados. ACM - que já chamou Lula de ¿rato¿ após ser qualificado por ele de ¿hamster¿ - foi à tribuna do Senado para comentar eufórico a inesperada visita do presidente durante internação num hospital de São Paulo. Tasso deixou o Planalto na quinta-feira, após encontro com Lula, dizendo que fazer oposição não é só xingar, gritar ou ameaçar, bem diferente do senador que o acusou de ¿corrupto¿.
No Café com o Presidente, Lula disse que, no poder, se comporta como um pai que cuida com ¿carinho¿ do filho. Ressaltou que não pensa na eleição de 2010, sem observar, no entanto, que está impedido de se candidatar. ¿Tenho de pensar em cuidar deste país como se estivesse cuidando do meu filho, o Brasil precisa de carinho.¿
Mais uma vez, enfatizou a discussão da proposta que acaba com o direito de reeleição no Executivo, projeto que na avaliação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso beneficia o próprio Lula. Durante o programa de rádio, o presidente afirmou que quer contribuir com a reconquista da credibilidade política. ¿É preciso reconquistar a credibilidade política nas instituições, sobretudo nos partidos políticos¿, afirmou. ¿Eu quero dar minha contribuição.¿
Lula avaliou que a proposta de acabar com a reeleição deve estar ligada ao debate da reforma política, que inclui outros temas. ¿Dentro da reforma política vai entrar a questão da reeleição¿, disse. ¿Não posso agora dar palpite na reforma, no que diz respeito à reeleição. Não me peçam opinião porque eu não vou dar, esse é um problema dos partidos e do Congresso.¿