Título: MST ocupa área com produção no Pontal
Autor: Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2007, Nacional, p. A10

Dando seqüência ao ¿abril vermelho¿, cerca de 150 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiram ontem a Fazenda São Francisco, em Mirante do Paranapanema, no Pontal do Paranapanema (SP). Segundo o proprietário, Francisco Vila Real, os sem-terra entraram brandindo foices e facões. ¿Eles cortaram a cerca e foram ameaçando os funcionários.¿

A coordenação regional do MST informou que a ação faz parte da jornada de lutas para acelerar a reforma agrária e as terras da fazenda foram consideradas devolutas. O proprietário contesta. ¿Não tem nada devoluto aqui, são terras legitimadas há bastante tempo.¿ Segundo ele, a fazenda, de 700 hectares, possui rebanho bovino de leite e corte e é considerada produtiva. ¿Tiro mais de 300 litros de leite por dia.¿

Vila Real disse que os invasores cortaram a cerca e misturaram as 1.500 cabeças de gado. Os funcionários estão impedidos de tirar leite e alimentar o rebanho. Os sem-terra, segundo ele, também cortaram cerca de 30 eucaliptos que estavam em área de proteção ambiental.

Ele denunciou a invasão à Polícia Civil e à Militar. Vila Real é associado da União Democrática Ruralista (UDR), que deve entrar hoje com um pedido de reintegração de posse.

`ARRASTÃO¿

Em Presidente Bernardes, também no Pontal, o proprietário da Fazenda São Luiz, Carlos Frederico Machado Dias, acusou militantes do MST de furto durante a desocupação da área. A fazenda fora invadida na semana passada pela nona vez e a Justiça ordenou a desocupação, ocorrida no fim de semana. Segundo Dias, os 300 militantes fizeram um ¿arrastão¿.

Na denúncia na delegacia da cidade, ele listou o furto de uma bomba de poço artesiano, um reservatório de água, duas caixas de energia elétrica e toda a fiação da casa dos funcionários. E disse que os sem-terra destruíram 5 quilômetros de cerca e levaram o arame, além de matarem 3 bois. ¿Não é movimento social, mas um bando de vândalos. Fizeram uma destruição desnecessária, o que prova que a última preocupação deles é a reforma agrária.¿

O delegado Glauco Roberto Marques Moreira abriu inquérito e espera a perícia para decidir se pede prisão dos envolvidos. O coordenador estadual do MST, Valmir Rodrigues Sebastião, que participou da invasão, não foi encontrado ontem. A assessoria de imprensa do MST foi acionada e não deu retorno.