Título: Governista vence na Nigéria
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2007, Internacional, p. A13
Umaru Yar'Adua, o candidato apoiado pelo governo da Nigéria, foi declarado ontem o vencedor das eleições presidenciais - tidas pelos observadores internacionais como uma 'farsa'. De acordo com a contagem oficial, Yar'Adua recebeu 70% dos votos. O general Muhammadu Buhari chegou em segundo lugar, com 18% dos votos, seguido pelo vice-presidente Atiku Abubakar (7%). Os demais candidatos receberam, somados, 5%.
Buhari e Abubakar acusaram o presidente Olusegun Obasanjo de fraudar as eleições. 'Esses foram os resultados mais descaradamente fraudados de toda a história da Nigéria', afirmou Buhari, que já governou o país durante o regime militar, nos anos 80.
Embora tenham rejeitado o resultado, exigindo uma nova votação, os candidatos derrotados não convocaram protestos. Mesmo assim, houve manifestações isoladas no país. Cerca de 2 mil jovens saíram às ruas da cidade de Kano (nordeste do país), queimando pneus e gritando slogans a favor do general Buhari. A polícia dispersou a multidão com gás lacrimogêneo. Ao menos 200 nigerianos morreram, desde a semana passada, por causa de confrontos relacionados ao processo eleitoral.
Num pronunciamento à TV, Obasanjo admitiu que as eleições não foram perfeitas e garantiu que 'as próximas serão melhores'. Ele negou que vá convocar uma nova votação e disse que os políticos que se sentirem injustiçados devem reclamar nos tribunais 'em vez de incitarem a violência'.
Entre os diversos casos de fraudes citados pelos órgãos internacionais estão funcionários eleitorais intimidando eleitores e preenchendo cédulas com votos para Yar'Adua. Opositores também denunciaram o desaparecimento de urnas. Como elas não possuem número de série, comprovar a fraude é complicado e rastreá-las é quase impossível.
'O processo eleitoral não foi justo. Ele passou longe dos padrões de eleições democráticas', disse Max Van den Berg, chefe da comissão européia que fiscalizou o pleito. A Casa Branca afirmou que as eleições tiveram 'problemas graves', mas não defendeu uma nova votação.
O preço do petróleo fechou em alta ontem, segundo analistas, por causa do temor de mais violência na Nigéria - o oitavo maior produtor mundial.