Título: Em grampo, juiz cita lobby para Cabral manter secretário
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2007, Metrópole, p. C1

Até o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), foi contatado por integrantes da suposta quadrilha acusada de negociar decisões no Judiciário em favor da máfia que explora caça-níqueis, segundo indicam conversas interceptadas por grampos da Polícia Federal. Em conversa telefônica, o juiz do Tribunal Regional do Trabalho Ernesto Luz Dória Pinto diz ao delegado federal Edson de Oliveira ter procurado o governador para pedir a manutenção de Roberto Precioso Júnior como secretário de Segurança. O diálogo foi captado de um celular usado pelo juiz.

A gravação foi feita em 23 de outubro de 2006, quando o novo governo estava em formação. Dória afirmou que ¿eles¿ tinham de lutar para o ¿outro¿ (possivelmente Precioso, diz a PF) continuar, e disse que ¿falou com Sérgio Cabral¿. O governador, segundo o magistrado, disse que queriam que ¿empurrasse¿ (nomeasse) um tal de Eleautério (sic). Dória disse que, na conversa, afirmou que ¿Eleautério¿ era coronel e ¿nada tinha a ver¿ com segurança. Dória foi um dos 25 presos na Hurricane, mas foi libertado.

Aparentemente, Dória, no contato grampeado, confundiu nomes. Em outra conversa telefônica entre ele e Oliveira, também grampeada, posterior à primeira, o juiz afirmou: ¿Eu já soube que está correndo por fora um candidato (a secretário de Segurança) fortíssimo, um tal de Astério (Pereira, secretário de Administração Penitenciária no governo Rosinha)¿. Astério foi cotado para o posto. Poderia ser, portanto, o ¿Eleautério¿.

Em viagem pelos EUA, Cabral, por meio de assessores, não desmentiu que tenha conversado com o juiz. ¿Informo que o nome do meu secretário de Segurança é José Beltrame¿, disse ele, segundo assessores, dando a entender que o lobby pró-Precioso fracassou.