Título: Juiz preso aponta para os colegas
Autor: Pereira, Rodrigo e Tavares, Bruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/2007, Metrópole, p. C5

O juiz federal Djalma Moreira Gomes, um dos principais alvos da operação Têmis deflagrada na sexta-feira pela Polícia Federal, negou ontem na sede da Associação dos Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Ajusfe), que tenha emitido alguma decisão favorável a casas de bingo ou à liberação para funcionamento de máquinas caça-níqueis enquanto esteve à frente da 25 ª Vara. Mas deu a dica de onde podem ter saído sentenças que motivaram a devassa nas cortes de primeira e segunda instâncias no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

¿Na 23ª Vara vejo que há de fato decisões favoráveis a bingos, mas na 25ª não há¿, disse o magistrado, com uma pilha de indeferimentos de liminares para o funcionamento dessas casas que deu quando esses processos chegaram à sua mesa. ¿Não estou criticando a decisão de quem deu¿, fez a ressalva. ¿Quem foi favorável é responsável pela decisão e tenho profundo respeito, mas cada um é dono de sua decisão.¿

A juíza Maria Cristina Barongeno Cukierkorn, titular da 23ª Vara, que está em licença-maternidade, não foi localizada ontem para comentar o assunto.

Gomes admitiu ter proferido ¿diversas vezes¿ sentenças de compensações tributárias contrárias à União, outra suspeita que recai sobre ele nas investigações, mas argumentou que isso é uma prática comum e diária de todos os magistrados, e se dispôs até a justificar cada processo que conste das investigações. O magistrado garantiu não temer o conteúdo dos grampos em seus telefones ou a alguma prova produzida pelos policiais federais.

O desembargador Nery Júnior, citado na Têmis, voltou ontem a jurar inocência. ¿É da minha absoluta convicção que não participei de nenhum desses atos.¿ Único dos cinco magistrados investigados pela PF a retornar ao seu gabinete após a devassa de sexta, Nery pretende encontrar-se esta semana com o ministro do STJ Félix Fischer, relator da operação, para fazer sua defesa.

¿A única questão tributária controvertida que julguei foi a da empresa OMB Comercial. Mas, quando passou por mim, dei parecer favorável à União¿, justifica-se. ¿Tenho muito respeito pela PF e pelo MPF. Não posso imaginar que tenham montado essa operação sem ter elementos fortes. Tudo sinaliza que alguém sugeriu isso. Estou ansioso para saber porque sou investigado. Mas tenho consciência de que jamais conseguiria recuperar plenamente a minha imagem.¿