Título: Cobiça do PMDB no DNOCS abre novo conflito com PT
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2007, Nacional, p. A4
Uma briga entre o PT e o PMDB por causa da presidência do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ameaça a estrutura da coalizão que sustenta o governo Lula no Congresso. O PMDB exige o cargo e já indicou o nome do ex-deputado estadual potiguar Elias Fernandes para o órgão. O PT, no entanto, não admite abrir mão do DNOCS e quer manter no cargo Eudoro Santana, atual presidente, indicado pelo Diretório Estadual do Ceará.
Por causa dessa briga, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, foi avisado pelos dirigentes do PMDB de que, se mantiver Santana no posto, o partido vai reagir. Geddel respondeu que é ele quem decide a nomeação e o partido não precisa se preocupar.
O PT, no entanto, resolveu recorrer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para defender seu protegido. Como a situação não se definiu para nenhum dos lados, os peemedebistas aproveitaram para mandar recados ao Palácio do Planalto, exigindo a nomeação de Fernandes e dos outros indicados para cargos nas estatais e no segundo escalão. A lista com os nomes foi entregue na semana passada ao ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia.
QUEIXAS
Como o presidente tem procurado evitar brigas entre os partidos aliados, o assunto deve ser tratado com o presidente da legenda, deputado Ricardo Berzoini (SP), que ontem se reuniu com Lula no Palácio do Planalto. Mesmo assim, Lula não se livra de um rosário de queixas dos deputados de seu partido.
No fim de semana, o PT atacou os encontros do presidente com os dirigentes da oposição. Na segunda-feira, Lula aproveitou o programa Café com o presidente para dizer que o diálogo com a oposição significa a distensão do governo. Ontem, ele jantou com os deputados petistas - a segunda reunião com esses parlamentares desde que assumiu o governo. O jantar foi programado para a residência oficial do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Como o Diretório Nacional do PT deve R$ 50 milhões, a direção partidária alegou que não tinha condição de bancar a festa. Coube a cada um dos deputados o desembolso de R$ 70. Houve tentativa de repetir a fórmula de 2005, quando os oradores foram escolhidos por sorteio, mas a sugestão foi recusada pelo líder Luiz Sérgio (RJ).
Uma reunião preparatória, no gabinete da liderança, decidiu que só falariam pelo partido Berzoini, o líder Luiz Sérgio e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP).