Título: Russos prestam última homenagem a Yeltsin
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2007, Internacional, p. A12

O funeral do ex-presidente russo Boris Yeltsin mostra a diferença que o separou em vida dos líderes da antiga União Soviética. O corpo de Yeltsin, morto na segunda-feira, aos 76 anos, vítima de insuficiência cardíaca, está sendo velado desde ontem numa igreja ortodoxa de Moscou - algo impensável para uma autoridade durante o regime comunista soviético que ele ajudou a pôr fim. Yeltsin também vai entrar para a história como o primeiro líder político do país que não será sepultado no Mausoléu do Kremlin, e sim num cemitério.

Milhares de russos passaram ontem pelo velório de Yeltsin, na Catedral Cristo Salvador - símbolo do ressurgimento da Igreja Ortodoxa Russa depois de décadas de ateísmo oficial sob o comunismo. A catedral é uma réplica da original, que ficava à margem do Rio Moscou e foi dinamitada pelas autoridades soviéticas em 1931. Seis décadas depois da demolição da catedral, as fundações da própria União Soviética ruíram. Em 1994, Yeltsin empenhou-se pessoalmente para reconstruir a catedral.

Ao som de hinos da Igreja, pessoas entravam enfileiradas na catedral para deixar flores próximo ao caixão do ex-presidente, que estava no centro da igreja coberto com a bandeira da Rússia. Até o fim da noite, pessoas ainda aguardavam para entrar na igreja. A viúva de Yeltsin, Naina, e suas duas filhas ficaram o tempo todo sentadas perto do caixão.

O enterro do ex-líder russo será hoje, no Cemitério Novodevichy, de Moscou, e deve contar com a presença dos ex-presidentes americanos Bill Clinton e George H. W. Bush, do ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev e do ex-presidente da Polônia Lech Walesa, entre outras autoridades.