Título: Torós defende política de acumulação de reservas
Autor: Fernandes, Adriana e Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2007, Economia, p. B3

O novo diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Mário Torós, defendeu ontem a manutenção da política de acúmulo de reservas internacionais e disse ser favorável à intervenção do Banco Central no mercado de câmbio, por meio de compra e venda de dólares, para conter volatilidades excessivas ou falta de liquidez. Ex-vice-presidente do Banco Santander Banespa, Torós é conhecido por ser um operador de mercado.

Para ele, o custo da manutenção das reservas elevadas 'é compensado largamente' pela queda da volatilidade. 'O Brasil passou ao largo das pequenas crises, e acho que o colchão de reservas contribuiu fortemente para que isso acontecesse', disse ele, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Sua indicação foi aprovada por 24 votos a três na comissão. No plenário, foram 52 votos a favor e sete contra.

Torós afirmou que a política de composição das reservas internacionais, que estão próximas de US$ 120 bilhões, tem contribuído para melhorar o risco Brasil, embora ainda em níveis inferiores, 'segundo certos critérios', ao de países de melhor classificação de risco do que o Brasil. 'A política de acumulação de ativos cambiais também contribui para reduzir a volatilidade do crescimento', afirmou. 'Temos um nível de solidez em que o Brasil não pega mais pneumonia em função de espirros nos mercados internacionais', observou.

O novo diretor disse que as compras de dólares pelo Banco Central podem minimizar a valorização do real ante o dólar, mas isso não deve ser um alvo da política monetária. Ao falar sobre política cambial, disse que as taxas de câmbio devem refletir os fundamentos econômicos do País.

SEGURO

Ele lembrou que em 2004 o dólar valorizado arrefeceu as altas taxas de juros e fez com que as exportações puxassem o crescimento econômico. Agora, argumentou Torós, as principais razões da desvalorização do dólar são justamente a balança comercial e o ingresso forte de capital estrangeiro.

O secretário do Tesouro Nacional, Tarcísio Godoy, que também esteve na CAE ontem, afirmou que os benefícios de se ter reservas internacionais elevadas ainda são maiores que o custo de manutenção dessas reservas.

Assim como Torós, ele acredita que as reservas são uma espécie de seguro que ajudam a enfrentar as volatilidades dos mercados financeiros internacionais.