Título: Compulsórios terão 'desmonte'
Autor: Fernandes, Adriana e Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2007, Economia, p. B3

O governo vai fazer mudanças na estrutura de depósitos compulsórios que os bancos são obrigados a manter no Banco Central, segundo o novo diretor de Política Monetária do BC, Mário Torós. Ele disse que é preciso desarmar essa 'estrutura complexa' para estimular a concorrência entre as instituições financeiras e a queda dos spreads - diferença entre o que os bancos pagam aos depositantes e o que cobram dos clientes nos empréstimos. E, com isso, reduzir os juros.

Segundo ele, o desmonte vai ocorrer com o relaxamento da política monetária. 'O BC já fez muito no sentido de reduzir a estrutura de compulsórios, mas é uma tarefa pendente o desmonte dessa estrutura tão complexa. Vamos caminhar nessa direção.'

Torós reconheceu que o spread dobrado pelos bancos tem caído em velocidade menor que a taxa de juros básica, mas disse que, para que a redução seja mais rápida, são necessárias medidas na área fiscal e a redução da inadimplência - além das mudanças nos compulsórios.

Pela regra atual, os bancos só podem trabalhar com R$ 55 de cada R$ 100 depositados. Os outros R$ 45 têm de ser recolhidos em dinheiro ao BC. É o que se chama de depósito compulsório à vista. Mas o BC também recolhe compulsórios sobre os recursos captados a prazo, como aplicações financeiras e poupança.

Torós defende a autonomia operacional do BC. 'Um Banco Central que goza de autonomia operacional para calibrar seus instrumentos de política é aspecto essencial das economias modernas. Isso não significa que o BC seja isolado da sociedade.'