Título: Lobby político marca debate sobre relatório da ONU
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2007, Vida&, p. A14
A pressão política e a atitude da China dificultam as negociações que os especialistas de cerca de 150 países estão travando em Bangcoc para concluir o relatório das Nações Unidas sobre as medidas e tecnologias destinadas a combater as mudanças climáticas perigosas.
Os cerca de 400 cientistas e representantes de governos que participam da reunião do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) estão de acordo sobre a necessidade de agir com precisão para frear o processo de aquecimento global decorrente das emissões de gases-estufa. Mas as soluções que defendem especialistas no relatório esbarram na pressão política.
Depois de inaugurar, na segunda-feira, a reunião de cinco dias, o próprio presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, admitiu que esperava que se produzisse um intenso debate entre cientistas e representantes dos governos - e, dentro desse último grupo, entre os países industrializados e os menos avançados. Logo que começou a reunião, as diferenças surgiram entre as nações avançadas e as em vias de desenvolvimento sobre os métodos mais adequados para reduzir a emissão de gases. Segundo delegados de países mais pobres, a maioria dos cientistas que redigem o relatório é de países industrializados.
A China, o segundo país do mundo que mais contamina a atmosfera, atrás dos EUA, está submetida a uma forte pressão de outras nações e também por parte de seus cientistas, que alertam sobre o potencialmente catastrófico futuro, caso não sejam tomadas providências. A delegação chinesa apresentou centenas de emendas ao relatório, que deve ser apresentado na sexta-feira. Já a União Européia reafirmou ontem o compromisso de reduzir significativamente as emissões de gases-estufa.