Título: Bernanke prega reação a protecionismo comercial
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2007, Economia, p. B6

A resistência ao 'protecionismo e ao isolacionismo' no comércio global melhorará as capacidades da força de trabalho e fortalecerá a economia dos Estados Unidos, afirmou ontem o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke. 'O comércio internacional de bens, serviços e ativos, assim como outras relações de mercado, nos permitem transformar aquilo que temos naquilo que necessitamos ou desejamos em termos cada vez mais benéficos', disse.

Bernanke falou em Butte (Montana), na Cúpula 2007 de Desenvolvimento Econômico. No discurso, cujo texto foi distribuído em Washington, Bernanke fez declarações sobre o comércio que ele próprio descreveu como 'material de livro didático'.

'Segundo um estudo recente que usou quatro enfoques para medir os lucros do comércio, o aumento do comércio desde a Segunda Guerra Mundial elevou a receita anual americana na ordem de US$ 10 mil por família', explicou Bernanke. 'O mesmo estudo concluiu que a eliminação de todas as barreiras no comércio elevaria a receita entre US$ 4 mil e US$ 12 mil.'

O governo do presidente George W. Bush, embora se proclame firme defensor do livre comércio, enfrenta agora um Congresso no qual os democratas recuperaram a maioria após 12 anos e exigem cláusulas mais duras sobre direitos trabalhistas e proteção ambiental nos novos pactos comerciais.

Um pré-candidato presidencial do Partido Democrata, o ex-senador pela Carolina do Norte John Edwards, propôs revisão total do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que entrou em vigor em 1994 e inclui México, EUA e Canadá.

'O comércio beneficia os países avançados como os Estados Unidos, mas o comércio aberto é ainda mais importante para os países em desenvolvimento. O comércio e a globalização estão tirando da pobreza milhões de pessoas especialmente na Ásia, mas também em partes da África e da América Latina.'

'Como fonte de crescimento econômico e desenvolvimento nos países pobres, o comércio se mostra mais eficaz que a ajuda tradicional para o desenvolvimento', disse. Ele afirmou ainda que, na última década, quase 16 milhões de empregos foram eliminados por ano no setor privado dos EUA.

Mas, acrescentou, a vasta maioria dessa queda de empregos ocorre por uma razão que não tem a ver com o comércio internacional. 'Durante os últimos dez anos, as perdas anuais de 16 milhões de postos de trabalho foram compensadas amplamente pela criação de 17 milhões de empregos por ano, alguns dos quais podemos atribuir aos efeitos diretos e indiretos do comércio.'

POUPANÇA

Bernanke também falou que a elevada taxa de poupança no mundo tem contido as taxas de juros dos EUA, mas o país tem de aumentar sua própria poupança porque essa situação não vai durar para sempre. 'Em todo o mundo há muita poupança gerada por países que estão cortando o consumo local para focar nas exportações. Essa poupança está se estendendo pelo mundo em busca de retornos.'