Título: Desafio de Evo é usar petróleo para reduzir pobreza
Autor: Pamplona, Nicola e Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2007, Economia, p. B1

Concluída a migração das petroleiras para os novos contratos de concessão, o grande desafio do governo boliviano é transformar o aumento de arrecadação em redução das desigualdades sociais que, há séculos, alimentam conflitos entre a população. A opinião é do cientista político da Universidade Católica Boliviana de La Paz (UCB), Gonzalo Chávez, para quem a primeira etapa da nacionalização, completada com a promulgação dos novos contratos, cumpriu o objetivo proposto pelo governo: ¿Garantir aos bolivianos uma fatia maior do bolo da renda do gás.¿

¿O governo precisa trabalhar para que o país siga o exemplo da Finlândia, que cresceu com a indústria extrativa e se tornou uma nação industrial, e não o da Nigéria¿, aponta Chávez, referindo-se ao país africano que ocupa a sexta posição entre os maiores exportadores mundiais de petróleo, mas tem a grande maioria de sua população vivendo em intensa pobreza. Segundo ele, o governo Evo Morales tem agora recursos para trabalhar por um desenvolvimento econômico ¿para todos¿, embora tenha demonstrado falta de habilidade política para tocar seus projetos.

¿Há um plano de desenvolvimento nacional com boas idéias, bons projetos, mas que vem esbarrando em problemas de gestão pública¿, avalia. Para Chávez, a Bolívia precisa crescer a taxas anuais de 6% a 7% para avançar na luta contra a pobreza. No ano passado, o crescimento do PIB boliviano ficou em 4,5%, menor que a média da América Latina - em torno dos 5% -, mas maior do que os 3,7% registrados no Brasil.