Título: EUA querem parceria com Brasil na Ásia
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2007, Economia, p. B8

Depois de fechar um acordo com o Brasil para levar o etanol a quatro países latino-americanos, o governo dos Estados Unidos estuda a possibilidade de levar a cooperação entre Washington e Brasília também à Ásia, principalmente à China. ¿Estamos trabalhando nisso. Mas o que posso dizer nesse momento é que as oportunidades existem¿, afirmou Gregory Manuel, responsável no Departamento de Estado americano pelo dossiê de energia.

Em entrevista ao Estado, o americano informou que o próximo passo na cooperação entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush será levar investimentos conjuntos para outras regiões. ¿Vários novos países serão anunciados tanto no hemisfério ocidental quanto em outras regiões. Nossos objetivos são Ásia e África. Mas ainda estamos avaliando quais serão os melhores países para que a cooperação possa ocorrer¿, disse Manuel.

Até agora, os projetos comuns entre Brasil e Estados Unidos ocorrerão no Haiti, El Salvador, República Dominicana e São Cristóvão e Névis. O Departamento de Estado admite ainda que a iniciativa faz parte de estratégia de política externa americana e que, pouco a pouco, a Casa Branca espera substituir parte de seus programas de ajuda aos países mais pobres em projetos energéticos. Segundo cálculos americanos, 1,7 bilhão de pessoas no mundo não contam com eletricidade em suas casas.

Manuel acaba de concluir uma visita de dez dias à China e à Índia com empresas americanas para debater o fornecimento de energia nesses dois mercados, considerados os mais promissores na próxima década. ¿A China aumentou seu consumo de energia em 2006 em um volume equivalente a todo o consumo de energia da Inglaterra¿, destacou Manuel, que admite que há espaço para se pensar em uma cooperação sobre o etanol no país.

A China ainda vive uma situação crítica: precisa de mais energia para alimentar seu crescimento econômico na próxima década, mas enfrenta sérios problemas ambientais. Na Índia, o Brasil espera assinar um acordo sobre o etanol em meados do ano, quando o presidente Lula fará uma visita oficial ao país.

¿Brasil e Estados Unidos são os maiores produtores do mundo de biocombustível e representamos 74% da produção mundial¿, disse Manuel. ¿Agora vamos trabalhar para ter um padrão comum.¿

Nas próximas semanas, uma série de reuniões entre cientistas dos dois países vai começar a ocorrer para discutir o desenvolvimento de uma segunda geração do etanol, mais eficiente que o produzido atualmente. Até julho, estão previstos quatro encontros entre os dois países.

Quanto à redução da tarifa americana à importação de etanol, Manuel deixa claro: a questão não está na agenda do governo.