Título: Para 25%, apagão aéreo é culpa do governo
Autor: Oliveira, Clarissa e Manzano Filho, Gabriel
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2007, Nacional, p. A5

O governo federal é o principal responsável pelo apagão aéreo, seguido pelos controladores de vôo e pelas empresas aéreas, revelam os novos índices da CNT/Sensus. Os pesquisadores perguntaram ¿quem é o principal responsável pela crise do tráfego aéreo no País¿ e apresentaram seis alternativas, respondidas por 82% dos 2 mil eleitores (pois 18% disseram que nunca ouviram falar ou não responderam). O governo é apontado por 21,2% do universo total - e 25,8% dos que responderam. Contando apenas esses votos válidos, seguem-se os controladores como os responsáveis pela crise para 15,1%. As empresas aéreas ficam com 10,9%, a Aeronáutica com 9,9%, a Infraero com 9,3% e o aumento de passageiros com 7,3%. ¿Todos¿ têm culpa na opinião de 13,4%.

Apesar da percepção de que o governo é o principal responsável pela crise, o índice de popularidade de 63,7% ostentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a aprovação de 49,5% obtida pelo governo demonstram que o caos aéreo não teve um impacto tão forte na imagem da administração federal. A explicação, segundo especialistas, é simples: a massa do eleitorado, formada pelas classes menos favorecidas, não foi prejudicada pelo episódio. ¿A crise aérea não é algo que afeta diretamente a população mais carente do País, que simplesmente não viaja de avião¿, diz o cientista político Fábio Wanderley Reis, da UFMG. ¿Esse é um episódio que afetou principalmente as classes mais altas e favorecidas da sociedade brasileira.¿ Para ele, os números refletem a identificação que os segmentos sociais mais pobres têm com o presidente. ¿Isso tudo é explicado pela forte imagem popular do Lula.¿

Dados da pesquisa mostram ainda que a larga margem dos entrevistados desconhece outro assunto de destaque no segundo mandato de Lula, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Apenas 11,3% disseram que ¿têm acompanhado¿ o noticiário a respeito. Outros 20,9% ¿ouviram falar¿ e 59% ¿não ouviram falar¿. Um universo de 18,6% acredita, ainda assim, que o plano ¿vai ajudar o País a crescer¿, contra 8% que opinam o contrário e 67,9% que dizem não saber avaliar. Por outro lado, o prestígio de programas sociais está crescendo. A proporção de eleitores que acham que eles ¿são positivos, ajudam a população¿ cresceu de 48,6% em novembro de 2005 para 56,7%. Na outra ponta, eles ¿não resolvem problemas sociais¿ para 18%.

Mas outras tabelas indicam que há muito a ser feito por Lula e seu governo para manter a popularidade nos níveis atuais. A situação do emprego melhorou para 29,7%, mas piorou para 35,5%. A renda mensal aumentou na opinião de 20,3% e diminuiu segundo 28,4%. Para a saúde, esses índices são, respectivamente, de 23,8% e 46,1%. E, na mais desafiadora das comparações, a segurança pública está melhor para 16,6% e pior para 60,5% dos consultados. Em todos esses itens, portanto, o universo de insatisfeitos é bem maior. Mas a expectativa para os próximos seis meses é positiva: a situação vai melhorar na segurança para 42%, na saúde para 47% e no emprego para 50,3%.

FRASES

Fábio Wanderley Reis Cientista político

¿A crise aérea não é algo que afeta diretamente a população mais carente do País, que simplesmente não viaja de avião. Esse foi um episódio que afetou principalmente as classes mais altas e favorecidas da sociedade brasileira¿

¿Todo esse quadro tem a ver com a imagem popular que o Lula tem¿.