Título: Avaliação positiva do presidente vai a 63,7%
Autor: Oliveira, Clarissa e Manzano Filho, Gabriel
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2007, Nacional, p. A5

Ao completar cem dias de seu segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve, ontem, boas razões para comemorar: embora a violência não dê sinais de diminuir e o apagão aéreo desorganize a vida dos cidadãos, seu prestígio pessoal e o do governo perante os eleitores continua a aumentar. Uma nova pesquisa nacional CNT/Sensus mostra que Lula pessoalmente é aprovado por 63,7% do eleitorado - seu melhor índice desde fevereiro de 2005 - e a avaliação positiva de seu governo chega a 49,5%, o terceiro melhor resultado de 51 meses no poder.

Encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes, a pesquisa informa, ainda, que para 54,8% dos entrevistados o segundo mandato de Lula vai ser melhor que o primeiro. Para o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, esses bons números têm relação ¿com a economia equilibrada, o processo de geração de empregos e fatores como o Bolsa-Família¿. Ao que o cientista político Carlos Melo, do Ibmec-SP, acrescenta: ¿A questão toda gira em torno da imagem de Lula, que aparece como aquele que está tentando fazer as coisas darem certo. Ações como o Bolsa-Família parecem anular os efeitos perniciosos de outras políticas do governo.¿

A tese é compartilhada pelo cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais Fábio Wanderley Reis. A pesquisa revela, segundo ele, que a reeleição de Lula teve um impacto mais forte no eleitor do que eventuais dificuldades como a crise de 2005. A analista de pesquisas Fátima Pacheco Jordão ressalta ¿o inegável talento de comunicador¿ do presidente. ¿Ele passa ao eleitor a idéia de que o governo não anda não por causa dele, mas pelos outros.¿

Raciocínios como esses explicariam, assim, a avaliação do presidente, que está hoje 4,4 pontos porcentuais acima do constatado na última pesquisa (59,3% em agosto do ano passado). A do governo subiu 5,9 pontos (estava em 43,6% naquele mês).

Um dado crucial da pesquisa é o peso dos programas sociais na percepção dos brasileiros. Uma das tabelas revela que 15,3% dos consultados são beneficiários de algum programa e outros 41,5% conhecem alguém que o seja. Na outra ponta, não passam de 40,7% os consultados que não conhecem nenhum beneficiário - seja do Bolsa-Família, do ProUni ou de outras iniciativas do governo federal nos últimos anos.

A imagem de Lula diante do eleitorado vem melhorando mês a mês desde novembro de 2005. Ele tinha nesse mês 46,7% de aprovação e 44,2% de desaprovação. A aprovação passou para 53,5% em fevereiro seguinte, depois para 55,8% em maio, 59,3% em agosto, cravando os 63,7% anunciados ontem, enquanto a desaprovação desceu no mesmo ritmo, para 28,2% hoje. A CNT/Sensus ouviu 2 mil pessoas. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais.

FRASE

Carlos Melo Cientista político

¿A questão toda está em torno da imagem de Lula, que aparece como aquele que está tentando fazer as coisas darem certo. As ações sociais, como o Bolsa-Família, parecem anular os efeitos perniciosos de outras políticas do governo¿.