Título: Tucanos e petistas invertem papéis em SP
Autor: Augusto, Claudio
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2007, Nacional, p. A6

As disputas para abrir comissões parlamentares de inquérito (CPIs) na Câmara e na Assembléia Legislativa de São Paulo têm revelado nos últimos dias discursos contraditórios do PT e do PSDB nas esferas federal e estadual quando o assunto é investigar o Executivo.

Se os tucanos pressionam em Brasília por uma CPI sobre o caos aéreo no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os colegas de partido não seguem o mesmo caminho em São Paulo. Na administração do governador José Serra (PSDB), o partido está tentando impedir a todo custo a instalação de uma CPI proposta pelo PT para apurar suposto uso político de verbas de publicidade do banco estadual Nossa Caixa na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Do lado petista, a história se repete. O PT, que é contra a CPI do Apagão Aéreo, recorreu e ganhou na Justiça o direito de abrir na Assembléia uma comissão para apurar denúncias de irregularidades no ninho tucano.

Os líderes políticos negam que haja incoerência no comportamento das bancadas em Brasília e em São Paulo. ¿Não há contradição. A posição do governo é de não instalar CPI aqui (em Brasília), porque a causa do problema já foi diagnosticada e estão sendo tomadas as providências. Não há o que investigar¿, justifica o líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ). ¿Já em São Paulo, as CPIs da Nossa Caixa e do Metrô têm muito a esclarecer¿, emendou o deputado.

Na Assembléia paulista, o argumento usado pelo PSDB para evitar uma investigação do governo tucano é o mesmo. ¿Já debatemos essa questão da Nossa Caixa no ano passado. Acredito que o assunto está esgotado. A tentativa de rediscutir é uma forma de politizar e confundir o meio de campo no Parlamento¿, diz o líder do PSDB na Assembléia, Mauro Bragato. E pondera: ¿Somos favoráveis a CPIs. Tem uma fila delas aqui.¿

O líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos Pannunzio (SP), também não vê contradição no discurso do partido. Ele, entretanto, admite ser papel da base governista barrar CPIs. ¿A base do governo sempre tenta atuar para não ter CPI. É normal.¿ Segundo o deputado, em Brasília a luta do PSDB é para garantir o direito constitucional das minorias no Congresso.

DIFERENTE

A opinião do líder do governo Serra na Assembléia Legislativa paulista, Barros Munhoz (PSDB), destoa. Ele classificou a CPI do Apagão Aéreo de ¿incoerente¿ e entende que os discursos dos partidos são contraditórios quando o assunto é CPI. Para ele, esse é um dos motivos da desmoralização do Legislativo. ¿CPI virou conserto para tudo. E nisso vem a desmoralização da classe política. Quem condena a CPI lá defende aqui. Quem condena aqui defende lá.¿

Barros Munhoz, porém, saiu em defesa dos colegas de partido paulistas. ¿Nós defendemos toda CPI que a Assembléia entender que deve funcionar.¿

FRASES

Luiz Sérgio Líder do PT na Câmara

¿Não há contradição. A posição do governo é de não instalar CPI aqui porque a causa do problema já foi diagnosticada. Já em São Paulo, a CPI da Nossa Caixa tem muito a esclarecer¿

Mauro Bragato Líder do PSDB na Assembléia

¿Já debatemos essa questão da Nossa Caixa no ano passado. O assunto está esgotado e a tentativa de rediscutir é uma forma de politizar e confundir o meio de campo no Parlamento¿