Título: Cientistas tiveram problemas com primeiras centrífugas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2007, Internacional, p. A13

Pouco depois de o Irã anunciar, em fevereiro, que havia instalado duas cascatas de 164 centrífugas cada uma na central de enriquecimento de urânio de Natanz e que pretendia instalar outras duas, fontes de inteligência ocidentais indicaram que cientistas iranianos - sob ordens de trabalhar ininterruptamente e sem folgas - estavam tendo dificuldades técnicas para abastecer o sistema de enriquecimento e regular a pressão interna do ar das centrífugas. Essas dificuldades podem ter causado a explosão de 50 centrífugas em Natanz revelada no início do ano por Gholam Reza Aghazadeh, chefe do programa nuclear iraniano.

O especialista em questões nucleares Mark Fitzpatrick, do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, de Londres, não acredita que os iranianos conseguiram instalar as 3 mil centrífugas. No entanto, ele disse acreditar que, como os iranianos tiveram problemas para operar as primeiras centrífugas, deve levar algum tempo para descobrirem como fazer funcionar adequadamente as 3 mil que dizem ter instalado. Outro especialista, Norman Dombey, professor de Física Teórica da Universidade de Sussex, na Inglaterra, disse que ¿provavelmente levará dois anos para o Irã instalar e operar as 3 mil centrífugas e outros dois anos antes de ter urânio enriquecido o suficiente para uma arma nuclear¿.

Em fevereiro, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed ElBaradei, disse ao Financial Times que os iranianos levariam entre seis meses e um ano para produzir combustível nuclear em escala industrial usando 3 mil centrífugas. Em seguida, ele garantiu que os iranianos poderiam ter capacidade para enriquecer apenas uma pequena quantidade de urânio para uso civil. Segundo ElBaradei, citando informações de inteligência americanas e britânicas, o Irã levaria entre cinco a dez anos para obter uma bomba, se realmente for esse seu objetivo.