Título: Clay escapou dos tiros ao fingir que estava morto
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2007, Internacional, p. A12

Era segunda-feira, 16 de janeiro, no prédio Norris Hall da universidade Virginia Tech. Por volta de 9h30 os alunos começaram a ouvir um barulho. 'Provavelmente é alguma obra', disse alguém. Mas o ruído continuou. 'Isso não é o que eu estou pensando, é?', disse a professora de francês.

Foi aí que Charles Clayton Violand, chamado pelos amigos de Clay, começou a entrar em pânico. 'Alguém precisa ligar para 911 (o telefone de emergência )', a professora disse. Nessa hora, Clay, de 20 anos, olhou para a porta e tinha um jovem asiático com uma arma e um colete cheio de munição.

'Deitei embaixo de uma mesa e ele começou a atirar nas pessoas', contou Clay ao Estado. Segundo ele, o atirador, identificado como o sul-coreano Cho Seung-hui, estava muito calmo e era metódico ao atirar, indo de uma pessoa para a outra. 'Eu continuava deitado, olhando pra baixo', disse Clay, que faz faculdade de Relações Internacionais na Virginia Tech.

Após um tempo, Cho saiu. 'Ficou tudo em silêncio, só algumas pessoas gemiam e umas meninas choravam', disse Clay, que continuou deitado, paralisado, esperando o socorre de alguém. Mas quem voltou foi Cho. 'Acho que ele foi recarregar sua arma ou alguma coisa assim. Então começou a atirar de novo.'

'Eu ficava apertando os olhos, fingindo que estava morto, e pensando como seria a dor de levar um tiro. Também pensei nos meus pais.' Após alguns instantes, os policiais entraram e pediram ao alunos, que conseguissem, para deixar a sala. 'A menina do meu lado, não me lembro o nome dela, estava ferida, mas conseguiu andar. Só eu e ela saímos andando. Fui o único da classe que não levou um tiro.'