Título: Brasil é pressionado a aceitar refugiados
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2007, Internacional, p. A14

O governo dos EUA e a ONU estão pressionando o Brasil para que o País receba refugiados palestinos que vivem hoje em Bagdá, no Iraque.

O Brasil ainda hesita em aceitar os refugiados, já que seria uma forma de dar aval à guerra no Iraque. Ontem, durante conferência organizada pela ONU para tratar da questão dos refugiados iraquianos, o Itamaraty fez um alerta velado à pressão americana: a questão somente será solucionada com a estabilização da região e o fim da violência. Mas os americanos não desistem. 'Queremos que o Brasil ajude em um plano para lidar com a questão dos refugiados palestinos', afirmou a subsecretária de Estado dos EUA para assuntos globais, Paula Dobriansky.

Hoje, o Brasil diz ter cerca de 4 mil refugiados no País, ainda que a própria ONU estime em seus documentos que apenas o número de colombianos na Amazônia chegaria a 15 mil.

No que se refere ao plano dos palestinos, a idéia inicial é de que o Brasil receba 30 pessoas para uma fase de testes.

No total, existem mais de 4 milhões de refugiados palestinos, população que foi se acumulando desde a criação de Israel nos anos 40. No entanto, um dos grupos que mais preocupam o governo dos EUA e a ONU é o de palestinos que, durante o regime de Saddam Hussein, foram para Bagdá em busca de proteção. Com a queda do ditador, esses palestinos começaram a ser atacados pela população local. Durante o regime de Saddam, eram cerca de 40 mil palestinos na região de Bagdá. Hoje, são apenas 12 mil.

Em seu discurso ontem na ONU, o embaixador brasileiro Sérgio Florêncio afirmou que o País estava preocupado com as condições humanitárias no Iraque. 'A situação é uma das piores crises humanas dos últimos anos.' O embaixador ainda apontou que o recebimento de refugiados no Brasil segue critérios 'exclusivamente técnicos'. Sem fazer nenhuma promessa, Florêncio disse que 'o Brasil vai acompanhar com atenção os resultados da conferência da ONU, as necessidades para a proteção de refugiados e possíveis respostas a problemas específicos'.