Título: Movimento cobra 'empenho pessoal' de Lula
Autor: Fadel, Evandro e Batista, Ernesto
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2007, Nacional, p. A4

O Movimento dos Sem-Terra (MST) relembrou ontem os 11 anos do massacre de Eldorado dos Carajás com críticas ao que considera 'falta de empenho' pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assentar 140 mil pessoas acampadas em margens de estradas.

Cerca de 80 militantes, além de crianças de colo, estiveram ontem no anexo do Palácio do Planalto para protocolar uma carta pedindo audiência com Lula, o assentamento imediato dos acampados em barracas de lona e a vinculação direta do Incra à Presidência.

Marina dos Santos, coordenadora nacional do movimento, disse que há quase dois anos Lula não discute reforma agrária com os líderes sem-terra. O último encontro específico teria ocorrido em maio de 2005. De lá para cá, as audiências foram para tratar de temas genéricos e contaram com a presença de outras entidades sociais. 'Só vamos conversar com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e com o Incra depois que o presidente nos receber', disse.

Marina foi cuidadosa ao fazer a reclamação. 'Ele não nos recebeu neste tempo por problema de agenda', minimizou a líder. Mas deixou claro o desapontamento dos sem-terra com o presidente.

O pedido para vincular o Incra à Presidência é uma forma de fortalecer a área de atuação do MST. O governo, no entanto, não demonstra simpatia em levar ainda mais para dentro do palácio o problema dos conflitos de terra.

O MST reivindica ainda programas de educação nos acampamentos, assistência técnica, reflorestamento, valorização da Companhia Nacional de Abastecimento, atualização da portaria que mede a produtividade no campo e a desapropriação de determinadas fazendas.

DEMORA

Crianças e adultos passaram na frente da rampa do Planalto e desceram a ladeira do Eixo Monumental para acompanhar Marina até o departamento de protocolos do palácio. Os militantes exibiam um cartaz com uma fotografia de Lula usando o boné do movimento. Junto, a advertência: 'Por que não sai a reforma agrária?'

O MST também produziu cartazes para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ressaltando que o assassinato de 19 'mártires', em 17 de abril de 1996, ocorreu durante os mandatos do então governador do Pará, Almir Gabriel, e do presidente Fernando Henrique Cardoso, ambos do PSDB.