Título: Programa será usado para atrair tucanos
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2007, Nacional, p. A11
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai usar recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para se aproximar de governadores e prefeitos de partidos da oposição, principalmente do PSDB. O governo reservou R$ 12 bilhões do PAC para investir nos próximos quatro anos, em todo o País, em obras de urbanização de favelas e saneamento. Na primeira etapa, dará prioridade à liberação de verbas para o eixo formado por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Na quarta-feira, os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento) reuniram-se com secretários do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e com 20 prefeitos do interior paulista, no Planalto. Serra reivindicou, e conseguiu, R$ 1 bilhão por ano (R$ 4 bilhões no total), a fundo perdido, para projetos de saneamento e habitação, alguns deles na região das Represas de Guarapiranga e Billings.
Os encontros de Dilma e Bernardo com os governadores de Minas, Aécio Neves (PSDB), e do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), devem ocorrer nas próximas semanas. ¿Deixamos claro, nessas reuniões, que não queremos pulverização de recursos, mas, sim, soluções definitivas para os problemas¿, disse Bernardo.
O ministro negou que o financiamento de obras do PAC obedeça a uma calculada estratégia de aproximação do Planalto com tucanos e até integrantes do DEM. ¿Isso não é estratégia: é obrigação¿, afirmou. ¿O presidente tem reiterado que não é para discutir liberação de verba em função do partido do governador ou do prefeito.¿
Bernardo disse que 52% do déficit de saneamento está em regiões metropolitanas ou cidades com mais de 1 milhão de habitantes. A proporção sobe para 64% em municípios com mais de 200 mil habitantes.
Logo depois do lançamento do PAC, em janeiro, ministros constataram que não havia projetos suficientes para gastar os recursos previstos no programa. Foi então que começaram a corrida em busca de planos consistentes. ¿Mas a ordem do presidente é para a execução das obras. Não vamos deixar que o dinheiro vire superávit no fim do ano¿, insistiu Bernardo.