Título: Aliado de Yeltsin fez fortuna após queda do comunismo
Autor: Cobain, Ian
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2007, Internacional, p. A25

Conhecido como a ¿eminência parda¿ do Kremlin nos anos 90, o magnata russo Boris Berezovski há anos é fonte de polêmica pela Europa. O empresário chegou a ter uma das maiores fortunas do continente e ocupou vários cargos de chefia em empresas russas após a queda do comunismo. Mas nos últimos anos ele vem ganhando notoriedade graças a sua oposição ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. ¿Ele é perigoso para a Rússia e também para o mundo¿, acusou Berezovski em uma recente entrevista ao Estado.

Berezovski, doutor em física e matemática, tem pelo menos dois nomes e um passaporte israelense, além de seu documento russo. Como é procurado em várias partes do mundo, chega a realizar reuniões de negócios em seu iate em pleno Mar Mediterrâneo. Uma fonte do Ministério Público brasileiro que interrogou o russo revelou ao Estado que nove celulares com números diferentes foram encontrados com o empresário, que sempre está acompanhado de pelo menos três seguranças.

O magnata começou a juntar sua fortuna no apagar das luzes do comunismo. Ao perceber que o sistema iria ruir, comprava e vendia computadores para as instituições russas. Iniciou também uma aquisição frenética de carros em seu país. Assim que a União Soviética foi dissolvida, era o único a ter uma frota suficiente para iniciar uma empresa de revenda de carros diante do início da era capitalista na Rússia.

Seu próximo passo foi criar uma fábrica de carros, a Avtrovaz, e entrar no ramo de energia, principalmente o de petróleo, com a empresa Sibneft. Foi nomeado ainda presidente da Aeroflot e acusado de desviar milhões para os bancos suíços. Sua aliança com o ex-presidente Boris Yeltsin abriu as portas para a compra de jornais e TVs e ainda o ajudou a eleger-se membro da Duma.

Mas com a chegada à presidência de Vladimir Putin, Berezovski se refugiou na Inglaterra em 1999, de onde não saiu até hoje. O russo ainda é acusado de apoiar movimentos de oposição em países como a Ucrânia e Geórgia que conseguiram derrotar os políticos locais apoiados pelo Kremlin. Berezovski ainda estaria envolvido com os rebeldes da Chechênia que teriam sido financiados em parte pelo dinheiro do magnata.

Esse é um dos motivos que levou Putin a pressionar líderes mundiais a evitar contato com Berezovski. O último deles foi o presidente do EUA, George W. Bush. O magnata russo mantém negócios com o irmão mais novo de Bush, Neil Bush. Os principais acordos entre o russo e o jovem Bush são no setor de petróleo.

Putin chegou a pedir ao presidente americano que recomendasse a seu irmão suspender os contatos com o bilionário russo. Bush, porém, respondeu que seu irmão não ocupa nenhum cargo público e, portanto, não teria como impedir relações de negócios entre os dois. Por esse motivo, o caso Berezovski ainda faz parte dos pontos delicados no relacionamento entre Washington e Moscou.

Fanático por futebol, o magnata vem demonstrando interesse em tornar-se uma figura de peso no esporte. Mas a Fifa não esconde que está de olho em suas ações, tanto na Inglaterra como no Brasil.