Título: BC compra US$ 1,5 bilhão, mas dólar afunda
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2007, Economia, p. B1

Em novo dia de grande otimismo nos mercados, o dólar voltou a cair e está a pouco mais de dois centavos dos R$ 2. A moeda americana recuou 0,64% e encerrou a semana valendo R$ 2,021. A desvalorização ocorreu apesar de o Banco Central (BC) ter comprado, segundo estimativa de operadores, US$ 1,5 bilhão em leilão realizado à tarde.

O ambiente positivo também dominou os negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), onde o Ibovespa bateu o sexto recorde de pontuação no mês de abril - aos 47.926 pontos, após alta de 1,22%. Somente nesta semana, o indicador fechou na máxima histórica em quatro ocasiões. O risco Brasil também renovou o recorde de baixa, aos 154 pontos.

¿Só temos tido notícias boas¿, disse Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management. Ontem especificamente, os investidores reagiram à divulgação do Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) de março nos Estados Unidos.

O índice cheio registrou variação de 1%, ante expectativa de 0,8% dos analistas. O núcleo do indicador, que exclui os preços de alimentos e energia, ficou inalterado, enquanto as projeções apontavam uma alta de 0,2%. Em Nova York, o Índice Dow Jones e a Nasdaq tiveram altas idênticas: 0,47%.

Para Maia, o rompimento da barreira de R$ 2 para o dólar é questão de tempo. ¿Há uma montanha de dinheiro entrando diariamente no Brasil¿, explicou. ¿O BC tem apenas tentado fazer com que a valorização do real seja mais suave.¿

Na avaliação de Álvaro Bandeira, diretor da Ágora Corretora, ¿a semana foi boa para os mercados porque se consolidou a expectativa de que a economia americana não terá um pouso brusco¿. Segundo ele, esse ambiente favorece o investimento estrangeiro na Bovespa. No acumulado do ano até o dia 10 de abril, os saldo de recursos estrangeiros na Bolsa está positivo em quase R$ 1 bilhão.

De acordo com Bandeira, a conjuntura internacional favorável encontra um quadro interno também positivo. ¿A economia brasileira vai bem, e as empresas têm bons fundamentos e baixo endividamento¿, observou.

No caso da Bovespa, disse Bandeira, alguns fatores de mercado contribuíram para as altas dos últimos dias. Um deles é o exercício de opções de ações e de contratos futuros de Ibovespa, ambos na semana que vem.

Outro é a valorização das ações da Telemar, por conta da possível fusão com a Brasil Telecom e da proposta de compra das ações preferenciais, numa operação estimada em R$ 11 bilhões. Os papéis ordinários da companhia apresentaram valorização de 9,8% na semana, e os preferenciais, quase 20%.

Para o diretor da Ágora, a tendência para a Bolsa é positiva. ¿Mas ainda haverá volatilidade. Quando o mercado bate no teto, fica todo mundo buscando um motivo para realizar lucro¿, afirmou.