Título: Mantega inicia lobby pelo 'grau de investimento'
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2007, Economia, p. B10

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, inicia na semana que vem uma ofensiva pelo grau de investimento. Na segunda-feira, Mantega vai se encontrar em Nova York com representantes do conselho da Moody¿s e, na terça, com o conselho da Standard & Poor¿s. ¿Vou sugerir às agências de classificação de risco que sejam mais rápidas na avaliação dos progressos do Brasil, elas estão atrasadas ao achar que o Brasil ainda não tem condições de ser grau de investimento¿, disse Mantega, ontem, em entrevista na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O ministro da Fazenda está em Washington para participar da reunião do Comitê Financeiro e Monetário Internacional. Amanhã, ele se encontra com o diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, e com o ministro de Economia e Finanças da Espanha, Pedro Solbes.

Mantega acha que as agências de classificação de risco foram pegas de surpresa pela revisão do PIB feita pelo IBGE e ainda não avaliaram as mudanças positivas. ¿Vou estimular as agências para que se debrucem sobre os indicadores brasileiros.¿ Segundo ele, o importante não é exatamente conseguir essa classificação, mas obter os benefícios que a condição de grau de investimento dá - taxas de juros menores pelos empréstimos no exterior e aproximar taxas de títulos brasileiros das taxas dos títulos americanos.

¿Não sei se as agências vão se influenciar pela minha conversa, mas todos os analistas dizem que o Brasil ingressou na rota do crescimento econômico¿, disse o ministro. ¿As agências têm de reconhecer isso e elevar nossa classificação, senão vão ficar, no mínimo, desmoralizadas.¿

O Brasil tem classificação de risco BB, está a dois degraus do grau de investimento - precisa ser promovido a BB+ e depois a BBB-. ¿Deveriam nos comparar a países que têm classificação melhor que a nossa, mas uma situação certamente pior.¿ Perguntado sobre as investigações sobre favorecimento da namorada e possibilidade de demissão do presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, Mantega preferiu não se pronunciar, por ser uma ¿questão de foro íntimo¿ do presidente do Bird. Mas afirmou: ¿É preciso ver se Wolfowitz tem condições morais para continuar.¿

Em relação à reforma do FMI, Mantega afirmou que a reivindicação do Brasil continua a ser o reconhecimento do tamanho do PIB dos países para o estabelecimento das cotas da instituição. ¿Países que cresceram mais e têm um PIB maior precisam ter um poder de decisão maior no fundo¿, disse. ¿O Brasil tem o 8º PIB mundial em paridade de poder de compra, portanto, merece ter mais cotas do que possui.¿

INDICADORES

O ministro voltou a falar sobre a saúde da economia brasileira. ¿O Brasil conseguiu combinar uma série de variáveis econômicas que não existem em uma série de países, como nos EUA¿, afirmou. ¿Temos crescimento econômico, contas externas equilibradas e contas públicas também.¿ Segundo Mantega, não se pode criticar as contas públicas brasileiras, que vêm mostrando performance positiva. ¿Vamos zerar o déficit nominal nos próximos três anos, estaremos melhor do que os países que são parte do Tratado de Maastricht, porque hoje temos déficit nominal de 3% e em 2007 será de menos de 2%.¿