Título: Insatisfeito, partido pede espaço a Lula
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2007, Nacional, p. A9

Dois dias de reunião do Diretório Nacional do PT bastaram para escancarar a insatisfação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contrariados com o tratamento vip dado por Lula a antigos desafetos, em detrimento do próprio partido, petistas não esconderam o mal-estar: na resolução aprovada ontem, o PT destaca que espera ver todas as suas forças representadas no governo.

'Abrimos o debate de forma leal, transparente e contundente', contou o deputado Geraldo Magela (DF). Integrante do Movimento PT, a mesma tendência do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), Magela disse que o grupo queria encaixar um protesto ainda mais veemente contra a falta de espaço na equipe de Lula. 'Se o governo é de coalizão, também deveria haver uma coalizão interna no PT', afirmou o secretário de Organização, Romênio Pereira, reproduzindo o raciocínio que a facção gostaria de ver no texto.

Para negociar um parágrafo mais light - no qual há referência à necessidade de equilíbrio das tendências no governo, mas não de forma tão dura -, o antigo Campo Majoritário se comprometeu a defender publicamente a posição do Movimento PT. A comissão encarregada de discutir os cargos do partido vai expor nesta semana a insatisfação petista ao Planalto.

'Houve um debate polêmico entre nós', admitiu Magela. Na avaliação de seu grupo, o Campo Majoritário - rebatizado agora de Construindo um Novo Brasil - está 'super-representado' no governo. Em tom de ironia, dirigentes sugeriram que Lula adotasse o Plano de Aceleração de Cargos no PT, numa alusão ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A indicação de Mangabeira Unger (PRB) para a Secretaria de Ações de Longo Prazo serviu para engrossar mais o coro das críticas.