Título: D. Odilo e d. Geraldo, favoritos à presidência da CNBB
Autor: Mayrink, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2007, Vida&, p. A28

Embora não haja candidaturas oficiais nem campanha eleitoral, prática proibida pelos estatutos, dois nomes fortes concorrem à presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nas eleições da próxima Assembléia-Geral de Itaici, no município paulista de Indaiatuba - d. Geraldo Lyrio Rocha e d. Odilo Pedro Scherer, recém-nomeados, respectivamente, para as arquidioceses de Mariana e São Paulo.

Os 300 bispos que se reunirão em Itaici, de 1º a 9 de maio, escolherão não apenas presidente, vice-presidente e secretário-geral, mas toda a cúpula da CNBB, da qual participam as dez Comissões Episcopais Pastorais, responsáveis pelas linhas de ação do episcopado, entre as quais as Comissões para a Doutrina da Fé, para a Vida e Família e, uma das mais atuantes, para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz.

¿Pela dinâmica peculiar dessa eleição, ninguém se apresenta como candidato, o que significa que todos os bispos são eleitores e que qualquer um pode ser eleito¿, disse d. Geraldo Lyrio, alertando para prováveis surpresas de última hora, mesmo que já se fale em alguns nomes, entre os quais o seu. Transferido de Vitória da Conquista (BA) para a mais antiga diocese de Minas, ele será o sucessor de d. Luciano Mendes de Almeida, falecido arcebispo de Mariana que, por 16 anos, foi secretário-geral e presidente da CNBB.

Avançado no discurso e moderado na prática, d. Geraldo Lyrio chega às vésperas da assembléia de Itaici com um bom cacife entre as duas correntes em que se dividem os bispos - habitualmente classificados como progressistas e conservadores. É uma etiqueta que não lhes agrada, porque, conforme alegam, não corresponderia à realidade, já que um bispo progressista na área social pode e costuma ser conservador em questões morais.

O nome de d. Odilo entraria numa cabeça de chapa num processo natural de sucessão, pois daria continuidade, como presidente, ao trabalho que realizou como secretário-geral. Seria uma maneira de manter na cúpula um dos três bispos que compuseram a presidência nos últimos quatro anos, já que o atual presidente, cardeal d. Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador (BA), e seu vice, d. Antônio Celso de Queirós, bispo de Catanduva (SP), não estariam dispostos a concorrer à reeleição. Os dois deverão se aposentar em 2008, ao completarem 75 anos de idade.

Para o cargo de secretário-geral, exercido normalmente por um bispo auxiliar que possa ser deslocado para Brasília, onde deve se dedicar a essa função em tempo integral, os mais cotados são d. Dimas Lara Barbosa, de 50 anos (da arquidiocese do Rio), d. Pedro Luiz Stringhini, de 53 anos (São Paulo), e d. Joaquim Giovani Mol Guimarães, de 47 anos (Belo Horizonte). D. Pedro Luiz foi lembrado para esse cargo em 2003, quando d. Odilo foi eleito com o apoio do cardeal d. Cláudio Hummes, que ele agora vai substituir no governo da arquidiocese.

PRESIDÊNCIA DO CELAM

D. Geraldo Lyrio seria também candidato natural à presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), do qual é vice-presidente, nas eleições previstas para a assembléia de Havana, em Cuba, no período de 9 a 12 de julho. ¿Temos de, antes disso, garantir o nome dele para a CNBB ¿, disse um de seus eleitores, com a condição de não ser identificado. Nessa hipótese , a alternativa para o Celam seria d. Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (SP), onde o papa Bento XVI abrirá a 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, no dia 13 de maio.

Ex-secretário-geral do Celam, cargo que ocupava em 1992, durante a 4ª Conferência Geral, em Santo Domingo, República Dominicana, d. Damasceno tem experiência administrativa e bom trânsito nos episcopados dos outros países. É um trunfo, pois os bispos de língua espanhola têm resistido a eleger um brasileiro, embora um acordo informal tenha estabelecido que houvesse alternância. O último presidente brasileiro do Celam foi, em 1979, o cardeal d. Aloísio Lorscheider, arcebispo emérito (aposentado) de Aparecida.

Embora com menos insistência, d. Damasceno aparece também como sugestão para a presidência da CNBB, da qual foi secretário-geral por dois períodos, de 1995 a 2003, quando era bispo auxiliar de Brasília.

Como arcebispo de Aparecida, ele será o anfitrião de Bento XVI de 11 a 13 de maio e, nas duas semanas seguintes, um dos delegados brasileiros na 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.