Título: Para analistas, tendência abre espaço para acelerar a queda dos juros
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2007, Economia, p. B1
Para empresários e economistas, o forte crescimento das importações enfraquece um dos principais argumento do Banco Central (BC) para não acelerar a queda dos juros. Segundo o BC, se a demanda crescesse mais que a oferta de produtos, estimulada pela queda mais rápida da taxa de juros, isso poderia produzir inflação.
¿Além de reforçar o combate à inflação, o movimento das importações abre espaço para uma queda maior da taxa de juros¿, diz Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Foi o que aconteceu no início do Plano Real, em julho de 1994, cita Giannetti da Fonseca. ¿Uma das novidades do plano foi exatamente um aumento muito forte do consumo, que foi suprido por importação, sem que houvesse inflação.¿
Na avaliação de Edgard Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a argumentação do BC já havia se mostrado mais frágil depois da revisão das contas do Produto Interno Bruto (PIB). ¿A nova metodologia mostrou que o potencial de criação do produto no País é maior do que o número com o qual o Banco Central trabalhava.¿
O economista Sergio Vale, da consultoria MB Associados, pondera que a queda mais rápida dos juros não depende apenas do BC. Segundo ele, depende também de o governo resolver sua questão fiscal.
¿Uma reforma fiscal bem-feita tiraria a pressão dos dois principais elementos que hoje puxam o câmbio para baixo: juro e saldos elevados da balança comercial.¿
Ao diminuir a carga tributária, explica Vale, o governo abre espaço para o BC baixar mais rapidamente os juros, porque estará sinalizando com estímulos à oferta da economia. ¿O aumento da participação do setor privado levaria a um maior crescimento da econômico e menor superávit comercial.¿