Título: Nacionalização provocou crise, que já dura um ano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2007, Economia, p. B7

O corte de fornecimento de gás da Bolívia para Brasil e Argentina, suspenso ontem, foi fruto de conflitos entre as populações das províncias de Gran Chaco e O¿Connor no Departamento de Tarija, no sul da Bolívia, onde estão as principais reservas do país. Ambas as províncias disputam a região de Chimeo e a arrecadação de US$ 10 milhões em royalties de petróleo e gás.

Faz quase um ano que o governo brasileiro perde o sono com a Bolívia. Em 1º de maio de 2006, a Bolívia anunciou a nacionalização dos hidrocarbonetos locais e o governo assinou um decreto aumentando a taxação sobre os produtos. Além disso, quis reajustar o gás acima do previsto em contrato.

Em meados do ano passado, a Petrobrás, que era a maior distribuidora de gás no país, perdeu esse filão porque a distribuição de combustíveis passou a ser exclusividade da YPFB, a estatal petrolífera boliviana.

O governo boliviano também quis confiscar os ativos da Petrobrás no país, o que gerou conflitos diretos. Os alvos foram as refinarias da estatal brasileira instaladas na Bolívia.

No fim do ano passado, a Petrobrás teve de parar a operação no campo petrolífero de Caranda, em Santa Cruz de la Sierra, após a invasão por cerca de 200 manifestantes.

Não foram apenas os conflitos locais que atrapalharam o fornecimento de gás boliviano para o Brasil. Na metade do ano passado, as exportações foram interrompidas por causa das chuvas que atingiram dutos no sul do país.

De toda forma, o episódio da sexta-feira é mais um exemplo de como o mercado brasileiro de gás se tornou refém dos problemas enfrentados pelo presidente da Bolívia, Evo Morales.