Título: Envio de gás da Bolívia ao Brasil volta ao normal
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2007, Economia, p. B7
O fornecimento de gás boliviano retornou aos níveis normais às 14h30 de ontem, informou o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. A Bolívia havia reduzido em 7% a quantidade de gás enviada ao Brasil desde a sexta-feira, por causa de conflitos sociais em uma região produtora, o campo de San Alberto, o maior do país, operado pela Petrobrás. Porém, já na madrugada de ontem havia sinais que o fornecimento seria normalizado.
Rondeau não quis comentar sobre riscos de novas interrupções. ¿Isso depende de um diálogo constante do governo boliviano com os movimentos sociais¿, disse. Ele classificou o corte do abastecimento do gás como um ¿acidente social¿. O Brasil compra gás boliviano há oito anos, e nesse período, esse foi o terceiro episódio em que o produto deixou de ser fornecido. Em outras duas ocasiões, o abastecimento foi prejudicado por excesso de chuvas, que provocaram a ruptura de dutos. Não houve interrupções por razões políticas, apesar da difícil relação entre Brasil e Bolívia no que se refere aos preços do gás.
Questionado sobre que planos estariam sendo preparados para garantir o abastecimento no dia 1° de maio, quando se completa um ano da nacionalização dos hidrocarbonetos (ler ao lado), Rondeau respondeu: ¿A garantia que tenho é a palavra do ministro Villegas (Carlos Villegas, dos Hidrocarbonetos) de que estejamos tranqüilos. Não há nada considerado ameaçador para o gás no Brasil.¿
Por causa da tensão na província de Gran Chaco, em meio a uma disputa com a província de O¿Connor, ambas no sul da Bolívia, o Brasil deixou de receber 1,8 milhão de metros cúbicos por dia. Desse corte, a maior parte - 1,2 milhão de metros cúbicos - ia para uma usina térmica de Cuiabá e os outros 600 mil metros cúbicos para a paulista Comgás.
A redução no fornecimento, porém, não chegou a ser sentida pelo consumidor porque a usina térmica tinha reservas de gás para quatro dias. Na sexta-feira, Silas Rondeau chegou a detalhar um plano de contingenciamento do gás, que poderia ser acionado caso a crise se prolongasse além da quinta-feira.
ARGENTINA
Na noite de sexta-feira, tropas do Exército da Bolívia recuperaram o controle do estação operada pela Transredes, subsidiária das multinacionais Shell e Ashmore, que bombeia gás natural para a Argentina. A base havia sido tomada por manifestantes há quase uma semana, na cidade de Yacuiba, capital da província de Gran Chaco.
A restauração da jurisdição oficial ocorreu após operação militar ordenada pelo presidente boliviano, Evo Morales, disseram os ministros da Defesa, da Presidência e de Governo (Interior), em entrevista coletiva.
O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse que a exportação de gás natural para a Argentina se normalizaria até o meio-dia de ontem. ¿Concluída a operação militar de recuperação, informamos o restabelecimento do fluxo de exportação de gás à Argentina.¿