Título: PT janta com Lula, mas não consegue mais cargos
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2007, Nacional, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que continua afinado com o PT e considera as divergências com o seu partido absolutamente ¿normais¿ , mas avisa que não vai discutir cargos no governo. O recado, duro, foi dado em duas entrevistas, antes e depois de um jantar com 70 deputados e 13 ministros petistas, anteontem. ¿Discuto ministérios. Os partidos têm os ministros da área. Que se reúnam e discutam¿, declarou. ¿Não cabe aos partidos indicar pessoas para cargos administrativos se elas não tiverem a competência técnica de que precisa o Estado para ser administrado¿, completou.

Ao lado do presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), e do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), dois dos petistas que mais têm reclamado da cota de cargos para o PT, Lula respondeu: ¿Se alguém está se queixando, lamento profundamente.¿

De acordo com relato do deputado Maurício Rands (PE) sobre o encontro, o presidente comentou que o PT ¿é como uma criança que dá trabalho na infância, mas na fase adulta é um filho que só causa alegria¿.

ALIADOS

Lula minimizou as divergências com o partido. ¿O PT sempre esteve afinado comigo, eu sempre estive afinado com o PT. As divergências que muitas vezes aparecem entre o presidente e o PT, entre o PT e o PT, fazem parte da história do PT.¿

A partir da semana que vem, informou o presidente, haverá uma série de reuniões com os partidos aliados. Antes da conversa com o PT, ele já havia se encontrado com o PMDB.

¿Isso se faz necessário porque temos uma coalizão muito bem organizada e os partidos estão com a disposição de atender às necessidades do País e votar as coisas importantes que estamos enviando para o Congresso¿, justificou.

Na entrevista, ele afirmou ainda que não cobra submissão dos aliados. ¿Quando eu faço a coalizão com partido político, eu não peço submissão ao governo. Peço compreensão do que é importante. Muitas vezes os projetos que mandamos ao Congresso sofrem transformação.¿

Lula se recusou a comentar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que mandou arquivar o processo contra ele e outros integrantes do PT por acusação de uso de dinheiro de caixa 2 na campanha eleitoral, no caso do dossiê Vedoin. ¿Não sei da decisão. Lamento profundamente. Pelo fato de não saber, prefiro não comentar.¿

O presidente repassou a tarefa e Berzoini comentou que a Justiça tomou sua decisão com base nos autos e não caberia fazer interpretações.