Título: Treinar iraquianos é a principal missão
Autor: Hamilton, Lee H.
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2007, Internacional, p. A16

Os americanos já entenderam bastante bem a guerra no Iraque. Sabem que os soldados americanos não podem resolver o conflito sectário no país, mas também não querem um cenário de caos na retirada. Querem que os EUA se retirem com responsabilidade. Para elevar as chances de es tabilizar o Iraque, o treinamento das forças de segurança iraquianas deveria se tornar a principal missão dos EUA no país.

Apóiem-se ou não a política da Casa Branca e um cronograma para a retirada, a missão de treinamento é mais importante.

O histórico de treinamento não é bom e problemas significativos persistem. Mas, por tentativa e erro, a missão de treinamento melhorou consideravelmente no último ano. No entanto, ela é freqüentemente ofuscada por operações de combate.

Todos os observadores reconhecem que as unidades iraquianas têm melhor desempenho quando forças dos EUA estão presentes. O treinamento em situações reais funciona melhor com a inclusão de mais pessoal militar americano nas unidades iraquianas. Isso ocorre em Bagdá e outros lugares e é parte da atual estratégia, mas não há sinais - em declarações oficiais ou destinação de recursos - de que seja a prioridade.

A segurança duradoura requer forças iraquianas na liderança. Nenhum aumento das forças americanas poderá oferecer mais que uma redução temporária da violência.

Os EUA podem limpar qualquer vizinhança - mas a segurança não será sustentada se os iraquianos não assumirem a missão de manter o controle sobre as áreas limpas. É necessário um aumento do esforço militar iraquiano para restaurar e manter a estabilidade. As operações militares dos EUA devem ser a exceção, não a regra.

O Exército iraquiano ainda enfrenta grandes dificuldades em termos de equipamento, pessoal, logística e apoio. Os problemas da polícia iraquiana são ainda mais desafiadores, incluindo a corrupção disseminada e a infiltração de milícias. O Exército e a polícia também enfrentam questões de liderança e lealdade ao governo nacional. Pode-se progredir nessas áreas, mas só se a missão de treinamento ganhar prioridade.

Não haverá caminho para uma retirada ordenada e responsável se o treinamento não se tornar a principal missão.