Título: Gigantes nacionais podem estar na mira
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2007, Economia, p. B4
O novo desenho do setor bancário - caso o ABN Amro aceite a proposta do Santander - abriria espaço para outras instituições financeiras reforçarem suas posições no Brasil. Isso significaria, no entanto, que grandes bancos como Bradesco, Itaú e Unibanco também entrariam na mira dos investidores. 'Uma operação desse tipo aguça o interesse de outros grupos', afirma o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues.
De fato, esse seria um momento propício para as instituições explorarem o mercado brasileiro, cuja rentabilidade é considerada uma das maiores do mundo, afirmam analistas. O Real ABN Amro, por exemplo, conseguiu elevar de 20,3% para 25% o retorno sobre o patrimônio no ano passado. Além disso, os lucros do setor estão cada vez mais invejáveis.
O analista do Instituto de Pesquisa e Ensino em Administração (Inepad), Marcel De Marco, lembra ainda que a relação crédito/Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ainda é muito pequeno perante outras nações. 'Isso demonstra um enorme potencial de crescimento das operações no mercado nacional e enchem os olhos de qualquer instituição financeira.'
Na segunda-feira, por exemplo, o presidente do ABN no Brasil, Fabio Barbosa, diferenciou a operação brasileira dos ativos americanos - até então vendidos para o Bank of America - pelo potencial de crescimento. No ano passado, a carteira de crédito do banco cresceu 25% e o lucro, 43%.
De Marco destaca também que a taxa Selic, hoje em 12,5% ao ano, mantém a trajetória de queda, o que significa maior demanda por crédito, especialmente nos financiamento voltados ao consumo, cujo retorno tende a ser maior.
Outra alteração no mercado nacional seria a necessidade de os bancos brasileiros se internacionalizarem, afirma Rodrigues. Segundo ele, com o ganho de escala conseguido pelo Santander o diferencial de competição entre os bancos diminuiria. Isso sem contar que o ranking nacional teria, pela primeira vez na história, um banco estrangeiro entre os dois maiores do País. 'Bradesco e Itaú vão começar a ser incomodados', diz Rodrigues.