Título: Para têxteis e calçadistas, medida corrige distorção
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2007, Economia, p. B15
Os setores têxtil e calçadista, considerados os órfãos do câmbio, aplaudiram ontem a decisão da Camex de reajustar de 20% para 35% a Tarifa Externa Comum (TEC) para importação de calçados e confecções. As duas indústrias beneficiadas alegam que a elevação da tarifa 'corrige uma distorção'. Em 2006, os dois setores conseguiram do governo a elevação da tarifa de alguns itens, mas a medida não funcionou. Importadores trocaram os códigos dos produtos para itens com tarifa de 20%.
'Veja, 98% das importações de calçados ocorria por seis capítulos da TEC. Depois de elevar a alíquota, os importadores passaram a trazer por outros códigos. A decisão de agora apenas corrige esse problema', afirma Elcio Jacometti, presidente Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados). Situação idêntica enfrentou o setor têxtil.
O aumento da alíquota em têxteis ocorrerá em todos os itens de confecção. 'Ainda estamos discutindo com o governo a imposição da alíquota de 35% para tecido e fios. Mas, para o início, acertar a situação do vestuário já ajuda', diz Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).
O setor briga para reduzir as 'assimetrias' com os concorrentes. Pimentel afirma que a indústria têxtil brasileira se modernizou nos últimos anos, mas enfrenta um sistema concorrencial predatório. Segundo a Abit, em 2005, exportou US$ 2,2 bilhões, o dobro do que vendia em 1999. O superávit na balança dos têxteis no mesmo ano foi de US$ 684 milhões.
Em 2006, o valor exportado foi o mesmo (US$ 2,2 bilhões), mas a balança do setor mudou. 'Saímos de um superávit para um déficit de US$ 60 milhões em 2006. É evidente que há alguma coisa errada', diz Pimentel. Para este ano, a expectativa do setor, sem s medida anunciada ontem, era de um déficit de US$ 1 bilhão. 'Isso representava uma ameaça a 250 mil empregos', afirma o executivo.