Título: Juro bancário é o menor desde 2000
Autor: Graner, Fabio e Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2007, Economia, p. B1

A taxa média de juros dos empréstimos bancários caiu 0,8 ponto porcentual em março, passando de 39,3% de fevereiro para 38,5% ao ano. O porcentual, segundo o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Altamir Lopes, é o menor desde junho de 2000, quando a estatística começou a ser feita.

Nas operações com pessoas físicas, o custo do crédito recuou mais e passou de 50,8%, em fevereiro, para 49,9% ao ano - menor nível desde o início da série do BC, em julho de 1994.

Essas taxas se referem às operações do chamado segmento livre, ou seja, recursos que os bancos podem emprestar como querem, sem direcionamento definido em lei ou regulamento. A redução dos juros veio acompanhada de uma queda de 0,7 ponto porcentual do spread médio cobrado nos empréstimos, que ficou em 26,5 pontos porcentuais em março, nível mais baixo desde junho de 2000.O spread é a diferença entre o que o banco paga aos depositantes e o que cobra dos tomadores de crédito. Nas operações com pessoas físicas, também houve redução de 0,7 ponto porcentual no spread.

Segundo Altamir, o barateamento do crédito em março foi provocado pelo aumento das operações de antecipação da restituição do Imposto de Renda da pessoa física. ¿Com características muito parecidas com as do empréstimo consignado, as antecipações de imposto a restituir têm juros e spread baixos¿, disse.

Passado o efeito das antecipações, as taxas de juros devolveram uma parte da queda de março e já subiram 0,5 ponto porcentual nos primeiros nove dias úteis de abril. Mesmo assim, ele afirmou que a tendência de queda está mantida.

A antecipação das restituições do IR, de acordo com Altamir, foi usada pelos tomadores de empréstimos bancário no pagamento de dívidas mais caras. Com isso, a taxa de inadimplências das operações de crédito a pessoas físicas recuou de 7,3% de fevereiro para 7,1% em março, nível mais baixo desde os 6,9% de janeiro do ano passado.

A redução da inadimplência, segundo ele, também resultou do alongamento dos prazos dos empréstimos. ¿Com prazos maiores, fica mais fácil para as famílias acomodar o pagamento das prestações no orçamento.¿

O volume total dos empréstimos bancários cresceu 1,3% e atingiu R$ 757,116 bilhões. Para Altamir, o crédito vem aumentando num ritmo ¿relativamente comportado¿ e ainda continua em nível baixo em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Segundo BC, o volume de crédito no fim de março era equivalente a 31,3% do PIB, o maior nível desde os 31,6% de abril de 1996. ¿A participação no PIB ainda está num nível baixo em comparação com outros países¿, ressaltou Altamir.

Os dados já levam em conta a mudança da metodologia do IBGE no cálculo do PIB. Com a metodologia antiga, a relação crédito/PIB era de 34,3% no fim do ano passado. Com a nova, foi revista para 30,8%. Mas a tendência de crescimento permanece.No crédito consignado, a alta no mês foi de 5,6%.