Título: Desemprego sobe para 10,1% no País
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2007, Economia, p. B4

A taxa de desemprego em São Paulo subiu em março e acendeu um ¿sinal de alerta¿ para o comportamento do mercado de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do País nos próximos meses. Houve uma corrida dos paulistas em busca de emprego, o que impediu uma queda na taxa de desocupação oficial do País.

Segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa na média das seis regiões ficou em 10,1% em março, ante 9,9% em fevereiro. Em São Paulo, saltou para 11,5%, ante 10,6% no mês anterior. Para Cimar Azeredo, gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, ¿o crescimento preocupa em razão da importância que São Paulo tem na pesquisa, já que 40% dos ocupados estão na região¿.

Azeredo destacou também que o número de desocupados em São Paulo cresceu 10,4% em fevereiro ante janeiro, com acréscimo de 106 mil pessoas em busca de vaga no mercado de trabalho. ¿Houve uma corrida para o mercado de trabalho em São Paulo em março que não se via nos últimos anos.¿

Segundo o gerente da pesquisa, a taxa de desemprego paulista subiu não por causa de aumento das demissões, mas da maior procura por emprego. O número de pessoas não economicamente ativas (sem trabalho, mas também sem procurar vaga no mercado, que inclui aposentados, estudantes, donas de casa e pessoas que desistiram de procurar emprego) caiu 2,2% em março ante fevereiro e 149 mil pessoas voltaram a buscar trabalho na região.

Por outro lado, o número de ocupados em São Paulo aumentou 0,7%, com mais 57 mil pessoas empregadas. Só que o pequeno crescimento não foi suficiente para absorver as pessoas que procuravam emprego. ¿O aumento (do desemprego) em São Paulo é um alerta, porque pode reduzir a expectativa de queda mais forte na taxa das seis regiões no segundo semestre¿, disse Azeredo.

Segundo ele, o sinal de alerta é mais forte porque, ainda que a taxa de desemprego aumente sazonalmente em todas as regiões no início do ano, muitas vezes prosseguindo pressionada até o final do primeiro semestre, em São Paulo não havia sido registrada alta tão forte, de janeiro para fevereiro, nos anos anteriores. ¿Isso diminui a expectativa em relação à queda de desemprego (oficial do País) nos próximos meses.¿

Azeredo explicou que o perfil dos desempregados em São Paulo é semelhante ao das demais regiões e inclui, na maioria, pessoas com 11 anos ou mais de estudo, mulheres e, do total, cerca de 20% procuram emprego pela primeira vez.

Apesar do cenário preocupante diagnosticado no mercado de trabalho da maior região metropolitana do País, Azeredo destacou que a qualidade do emprego prossegue em crescimento nas seis regiões, com aumento da formalidade e do rendimento. Em março, o número de ocupados com carteira assinada ficou estável ante fevereiro, mas cresceu 4,4% ante fevereiro de 2006, completando 36 meses de expansão consecutiva nessa base de comparação.

O rendimento médio real dos trabalhadores também ficou estável ante fevereiro, mas cresceu 5% na comparação com março de 2006, chegando a uma média de R$ 1.109,50.

A analista Claudia Oshiro, da Tendências Consultoria, avalia o comportamento do mercado de trabalho na média das seis regiões em março como positivo. Segundo ela, o pequeno aumento da taxa de março em relação a fevereiro ocorreu por causa de um padrão sazonal, já que historicamente o indicador apresenta expansão nos primeiros meses do ano.