Título: Planalto controla indicações para CPI
Autor: Domingos, João e Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2007, Nacional, p. A4

Para ter o controle da CPI do Apagão Aéreo, o governo orientou os partidos que o apóiam no Congresso a indicar deputados desconhecidos e fiéis ao Palácio do Planalto. À exceção de Fernando Gabeira (PV-RJ), que tem tradição de rebeldia - mas agora deverá submeter as questões controversas ao partido -, e José Carlos Araújo (PR-BA), que foi da CPI do Mensalão, os outros parlamentares governistas nem sequer têm experiência nesse tipo de investigação.

PT e PMDB, que têm direito a quatro vagas de titular e igual número de suplentes, cada um, decidiram designar apenas hoje seus deputados para a CPI. Os petistas também poderão compor a lista com os que estão em primeiro mandato ou são inexperientes em CPIs, como Cândido Vacarezza (SP) e Marco Maia (RS), os dois cotados para a relatoria. O líder do partido, Luiz Sérgio (RJ), submeteu a relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Catorze petistas pleiteavam lugar na CPI.

O problema para o governo era o PMDB. O partido, mais uma vez, condicionou a indicação de seus representantes à nomeação de seus quadros para o segundo escalão. De acordo com líderes governistas, o PMDB estava acenando com a possibilidade de fazer duas listas para seus quatro titulares e quatro suplentes. Numa, constariam os nomes de deputados mais rígidos com o governo; noutra, os de menos exigentes. Por ser o maior partido, caberá ao PMDB a presidência da CPI. Mas o partido, como o PT, só vai divulgar sua lista hoje. A CPI será instalada às 15 horas.

Na primeira lista do PMDB estariam os deputados gaúchos Ibsen Pinheiro e Cezar Schirmer. Autor do mais contundente parecer contra um petista no Conselho de Ética, Schirmer pediu a cassação do mandato do deputado João Paulo Cunha (SP), no caso do mensalão.

Ibsen é tido como um parlamentar inflexível, responsável pela abertura do processo de impeachment contra o ex-presidente Fernando Collor - embora, dois anos depois, tenha sido cassado por suspeita de envolvimento no desvio de verbas do Orçamento. Ele teria até hoje mágoa de parlamentares do PT que votaram por sua cassação.

Da segunda lista do PMDB participaria o deputado Marcelo Castro (PI) - cotado para a presidência da CPI. Também devem fazer parte da comissão os peemedebistas do Rio Eduardo Cunha e Nelson Bornier.

APETITE

O PMDB de Minas quer uma diretoria da Petrobrás; o de Goiás, a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil; o do Rio, a presidência de Furnas. Na semana passada, foi marcada reunião do conselho de administração de Furnas, sem a participação do ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde. O partido ameaçou uma rebelião e o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, chamou Conde a Brasília e o convidou para o conselho. É o primeiro passo para que vire presidente da estatal.

O deputado Tadeu Filippelli (DF), vice-líder do PMDB, afirmou que seu partido não está envolvido em tentativa de chantagem. ¿É uma vergonha uma desconfiança dessas. Não há nada disso.¿